Pesquisadores debatem como estudar e preservar o patrimônio brasileiro por meio de tecnologias de imagem

Atividades com participação de grupos da USP ocorre entre 22 e 24 de outubro e abordam o trabalho conjunto entre a plataforma Arquigrafia e o equipamento internacional Misha, idealizado pelo Rochester Institute of Technology

 21/10/2024 - Publicado há 1 mês
Mesa com vários papéis e post-its com anotações, um caderninho
Resultados parciais de oficinas de Codesign realizadas no âmbito do Projeto Temático Arquigrafia – Foto: Acervo Arquigrafia/2024

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Texto: Ana Beatriz Tuma*

O campus da Cidade Universitária da USP, no bairro do Butantã, em São Paulo, receberá o encontro Misha.br: Tecnologia, Cromaticidade e Patrimônio entre os dias 22 e 24 de outubro. O objetivo do evento é oferecer à comunidade acadêmica um ambiente de diálogo sobre o estudo e a conservação do patrimônio brasileiro, como o arquitetônico escrito (manuscritos) e o histórico, por meio da tecnologia de imageamento multiespectral. 

Para tanto, serão realizadas diversas atividades durante os três dias do evento, que envolverão pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, entre eles, os de Arquitetura e Urbanismo, Conservação e Restauração, Física, História, Arquivologia e Biblioteconomia. 

Dentre essas atividades, encontram-se duas oferecidas pela equipe do Arquigrafia, projeto temático financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, que conta com quase 14 mil imagens de edifícios e espaços urbanos de países de língua portuguesa. São elas: a palestra Experiência Arquigrafia 4.0: Plataforma Colaborativa de Imagens de Arquitetura e Espaços Urbanos e a oficina Experiências Físicas e Digitais: Integrações Possíveis entre a Plataforma Arquigrafia e o Equipamento Misha

Tanto a palestra quanto a oficina serão ministradas no dia 23 de outubro por Ana Carolina Ribeiro, bolsista de Treinamento Técnico (TT-IV A) do Projeto Temático. Segundo ela, em ambas as atividades há o objetivo de apresentar o Arquigrafia e as questões que têm norteado, hoje, as pesquisas no projeto, buscando delinear perspectivas para o futuro. 

“Eu diria que uma das nossas grandes questões tem sido trabalhar conceitos, teorias e práticas ao redor da ideia de colaboração. Em ambas as atividades gostaríamos de propor conversas a partir das experiências das pesquisas internas ao projeto, procurando construir pontes com outras investigações de outros grupos”, destaca Ana Carolina.

Um desses grupos, na USP, é o do próprio Misha.br, um Sistema de Imageamento Multiespectral para Artefatos Históricos (em inglês, Multispectral Imaging System for Historical ArtifactsMisha). Esse equipamento é um protótipo inspirado no criado pela equipe de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Rochester (em inglês, Rochester Institute of Technology – RIT), nos EUA. O objetivo do Misha é auxiliar na investigação de documentos ao revelar informações sobre seu estado de conservação e visualizar detalhes que não estão mais visíveis, a olho nu, por efeito do tempo ou por terem sido ocultados de algum modo.

Fenômenos sobre materiais fotográficos

De acordo com Artur Rozestraten, coordenador do projeto temático e professor da FAU, “o Arquigrafia sempre se preocupou e trabalhou em prol da preservação de originais fotográficos em um sentido sociocultural, que são as bases indispensáveis para digitalizações atuais e futuras. O Misha soma-se nesse esforço trazendo contribuições tecnológicas significativas na análise e interpretação de fenômenos ocorridos sobre materiais fotográficos originais, sejam esses negativos (em vidro ou acetato), ampliações em papel, cromos ou diapositivos”.

Portanto, conforme explica Rozestraten, a colaboração entre as equipes de pesquisadores é relevante para a troca de experiências entre realidades distintas de atuação tanto em sentido cultural quanto ambiental, considerando as peculiaridades climáticas da cidade de São Paulo.

As atividades ministradas por Ana Carolina Ribeiro no Encontro Misha.br tratarão sobre a referida colaboração, mas ela ressalta que há diferenças entre a palestra e a oficina: “Na palestra é possível trazer um enfoque um pouco mais teórico, contando mais sobre a história do projeto, sobre as atividades que a gente já desenvolveu até aqui, apresentar as perguntas que hoje nos guiam e quais são as nossas perspectivas de futuro”.  

Por sua vez, “a oficina tem um caráter um tanto mais prático, no sentido de que ali será possível também propor discussões, como as diferenças entre o material físico e o digital, criar um espaço de escuta, de trabalho e (por que não?) um espaço para projetar também. Então, na oficina, trabalharemos com técnicas de codesign, que nada mais são que instruções e provocações para que as pessoas pensem e desenhem soluções para problemas que elas tenham em comum ou que julguem relevantes”, explica.

Para participar da palestra e/ou da oficina do Arquigrafia, inscreva-se pelo site do Encontro Misha.br, local em que também é possível ver a programação completa do evento. As inscrições são gratuitas, abertas ao público em geral e vão de 7 a 18 de outubro. 

Mais informações sobre os projetos do Arquigrafia e do Misha.br estão disponíveis em: instagram.com/arquigrafiafau.oficial e instagram.com/misha.usp.

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* Bolsista JC-IV junto ao Projeto Temático Fapesp Experiência Arquigrafia 4.0 e pesquisadora colaboradora FAU


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