Inovação “mais radical” traz mais crescimento e renda para empresas e País

Termo se refere aos produtos e serviços que fazem a diferença, com fortes impactos na sociedade, como etanol

 06/12/2018 - Publicado há 6 anos
O etanol é um exemplo de produto resultado de uma inovação mais radical – Foto: Stock Photos

“A inovação mais radical é aquela que chacoalha mercados, cria produtos substancialmente novos, contribui para novas plataformas de crescimento das firmas. É diferente da inovação incremental corriqueira e por isto exige organização e sistemas de gestão diferentes.” Esta é a definição que o professor  Mario Sergio Salerno, da Escola Politécnica (Poli) da USP, traz sobre o termo “inovação mais radical”.

Salerno  já detalhou, em 2004, o quanto a inovação é positiva para o desenvolvimento socioeconômico do País no livro Inovações, Padrões Tecnológicos e Desempenho das Firmas Industriais Brasileiras (editora Ipea, 2004, em coedição com João Alberto De Negri). A obra traz uma série de análises quantitativas, por meio de microdados oficiais de empresas brasileiras, que mostram que “existe um impacto muito forte da ‘inovação mais radical’ no crescimento das empresas e nos salários”, destaca o professor.

Agora, ele lança a obra Gestão da Inovação Mais Radical (editora Elsevier), junto com o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP Leonardo Augusto de Vasconcelos Gomes, um livro que aborda como tornar sistemática a inovação mais radical.

O novo livro visa a atender tanto grandes corporações quanto jovens startups interessadas em desenvolver de forma sistemática inovações mais radicais. O que as caracteriza é estarem envoltas em grandes incertezas, ou seja, variáveis que não podem ser medidas e que, muitas vezes, nem são conhecidas, aparecendo sem aviso prévio no decorrer do projeto. O professor da Poli cita como exemplos de produtos que consistiram em uma inovação desse tipo o microcomputador, o smartphone ou o poletileno de origem vegetal (etanol).

“Mais Radical” é um jogo de palavras com relação ao incremental, que melhora um produto já existente em um mercado preexistente, como o novo modelo de um carro para o próximo ano. “As inovações não incrementais, ou mais radicais, têm poder de transformação na sociedade”, explica Salerno. Essas inovações têm como características “o fato de estarem envoltas em incertezas, de não se conhecerem as variáveis, não sendo possível modelar matematicamente os riscos.”

Salerno relata que já há várias pessoas lidando com a área e que grandes empresas estão em busca de inovações radicais sistemáticas, assim como startups intensivas em conhecimento. A obra se dedica, então, a discutir qual o mindset, ou seja, a lógica mental necessária para atuar na área, como organizar a empresa e o sistema de gestão para obter inovações mais radicais de forma sistemática, como organizar portfólios de projetos de inovação mais radical de forma que eles não sejam “canibalizados” pelos projetos incrementais, como gerir incertezas no ecossistema de inovação, quais os ciclos da ação empreendedora envolta em incertezas.

A obra é concluída com uma discussão sobre planejamento tecnológico (technological roadmapping) para a empresa. Salerno conclui ressaltando que do ponto de vista da sociedade, da economia, da empresa e da engenharia, a inovação é essencial. Neste vídeo, ele explica o que é inovação, seus tipos e graus.

O lançamento formal do livro será realizado no dia 10 de dezembro, na Livraria da Vila da Rua Fradique Coutinho, 915, Pinheiros, em São Paulo, das 18h30 às 21h30. Também está previsto um debate sobre Gestão da Inovação no NAP – Observatório da Inovação e Competitividade, no auditório do Instituto de Estudos Avançados da USP no dia 15 de março, com transmissão pela IPTV-USP.

Amanda Rabelo/Assessoria de Comunicação da Poli


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