Faculdade de Saúde Pública lança o primeiro doutorado profissional da USP

Programa que será iniciado em 2024 se caracteriza por abordagens interdisciplinares e colaboração ampla de docentes de sete unidades da USP nas temáticas Ambiente, Saúde e Sustentabilidade; edital já está disponível para consulta

 22/08/2023 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 14/09/2023 às 10:28
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Novo doutorado profissional aborda os temas Ambiente, Saúde e Sustentabilidade – Foto: Freepik

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Celebrando dez anos de existência, o Programa de Pós-Graduação Ambiente, Saúde e Sustentabilidade (ProASaS) acaba de lançar o edital para o primeiro programa de doutorado profissional da USP. Sediado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, está inserido na área de conhecimento de Ciências Ambientais, no âmbito da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), abordando as temáticas Ambiente, Saúde e Sustentabilidade. Desde sua implementação tem mantido nota de excelência, contribuindo objetivamente com a produção de ciência aplicada e desenvolvimento de produtos tecnológicos voltados à solução de problemas concretos e de interesse da sociedade. O edital já está disponível neste link e as inscrições vão de 1º de setembro a 30 de outubro.

Segundo o professor da USP Leandro Luiz Giatti, que fez parte da comissão que instituiu o programa – ao lado da coordenadora e do vice-coordenador à época, os professores Wanda Maria Risso Günther e Philippi Junior, respectivamente -, desde o início se pensava na possibilidade da criação do doutorado profissional. Giatti, que atualmente é o coordenador do programa junto do vice-coordenador, professor Thiago Nogueira, informa que somente nos últimos quatro anos a ideia ganhou força, e agora a proposição de doutorado profissional foi submetida e aprovada pela Capes, e será implementada com a abertura das primeiras vagas no edital para início em 2024. “O doutorado profissional vem reforçar aquilo que o mestrado profissional já é, ou seja, uma interação dinâmica com a sociedade com demandas concretas numa perspectiva de produzir ciência aplicada”, informa.

Ciência aplicada

O coordenador explica que é preciso que se tenha uma associação clara entre o candidato – que já tem uma formação profissional e precisa buscar soluções na sua área -, Universidade e a própria instituição em que esse profissional trabalha. São várias possibilidades, pode ser uma instituição pública, privada, empresa, ONG (Organização não Governamental), ou o candidato pode ser um consultor, exemplifica, enumerando também as propostas de produto: uma tecnologia, uma matriz de indicadores ou um guia para determinados procedimentos. Assim, o candidato traz a proposta de um produto, que a partir de um estudo, no caso o mestrado profissional, adquire uma aplicação concreta, Segundo ele, todos os atores sociais – candidato, sua instituição e Universidade – ganham nessa trajetória de ciência aplicada.

Além disso, o programa se caracteriza por abordagens interdisciplinares e colaboração ampla de docentes de sete unidades da USP nas temáticas Ambiente, Saúde e Sustentabilidade, entre elas a Escola Politécnica, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), como cita o coordenador. “É uma construção interdisciplinar e multi-institucional dentro da Universidade de São Paulo”, aponta. O ProASaS já titulou 91 mestres desde sua criação e possui atualmente 22 estudantes matriculados.

“No contexto atual da USP nós vemos aí uma trajetória e uma perspectiva de mais reflexão e mais uma ação da Universidade em prol das causas de interesse da sociedade”, comenta. “Nós vemos aí uma abertura e uma construção de argumentos, de novas direções e de propostas dentro da USP que vão nessa linha de se produzir mais ações concretas, a partir da produção do conhecimento e contribuições das políticas públicas ou formas de extensão e de difusão científica”, acrescenta. “A própria Universidade está pensando e se movimentando no sentido de rediscutir o papel da pós-graduação para a sociedade”, diz, reiterando a importância desses programas profissionais, especificamente o doutorado profissional, que aprofunda ainda mais essa característica, sendo “um catalisador de mais influência na forma de ciência aplicada”.

O novo doutorado profissional vai pensar soluções para questões complexas, como a mobilidade urbana – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

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Doutorado profissional 

Em implementação a partir de 2024, o novo doutorado profissional assume a perspectiva de fortalecer a relação de aplicação de conhecimento e desenvolvimento de produtos em três diretrizes: aprofundamento e maior densidade de projetos e produtos em relação à modalidade de mestrado profissional; fomento ao potencial agregador de projetos e iniciativas dos doutorandos; estímulo ao pensamento e ação de maneira diferenciada, transformadora, o que pressupõe potencial criativo, diversidade e mudanças para além de ideias simplificadoras de transição para a sustentabilidade e promoção da saúde.

“Esse doutorado profissional encontra um ambiente muito interessante para contribuir com a Universidade, numa perspectiva de mais ação e interação com a sociedade, com as questões importantes e complexas que afetam a vida do povo brasileiro e também, evidentemente, causas que têm interesse internacional”, diz. “Eu entendo que nós temos a possibilidade de fazer a vanguarda, e também temos a responsabilidade de contribuir para definir a diferença entre um mestrado e um doutorado profissional na Universidade de São Paulo, evidentemente, prestando uma contribuição para outras instituições”, complementa, avaliando que esse não é o primeiro doutorado profissional do mundo e nem do Brasil, mas é o primeiro da USP, e por isso, segundo ele, tem esse papel de tentar encontrar definições e consensos.

Há pelo menos três pontos que diferenciam o mestrado profissional do doutorado profissional. “O primeiro é que o tempo de estudo é bem maior entre mestrado e doutorado, e esperamos um maior aprofundamento. Também esperamos que os estudos tenham maior densidade na forma de dialogar com os diferentes aspectos dos temas do programa: ambiente, saúde e sustentabilidade. Então, o doutorando vai se aprofundar mais nessas relações interdisciplinares e intercessoriais na busca de soluções para problemas complexos.”

O segundo ponto, diz o coordenador, é o potencial agregador: “Esperamos que um projeto de doutorado tenha potencialidade de dialogar entre a construção do conhecimento, sua aplicação e o processo de formação do profissional”. E continua: “É nessa trajetória que esperamos estudos mais robustos e soluções mais conectadas, dialogando com mais variáveis dessas complexidades de ambientes de saúde e sustentabilidade. Esses estudos também devem ser capazes de dialogar ou de liderar outros estudos e inovações e possibilidades justamente nessa relação de produção de conhecimento e ciência aplicada”.

Faculdade de Saúde Pública da USP – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

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A terceira questão está na condição de promover transformações para a sustentabilidade. “Há literaturas que diferenciam o que é uma transição e uma transformação para a sustentabilidade. O programa enfoca a questão da sustentabilidade e da saúde em conjunto, ou seja, a saúde como algo componente e pré-requisito da sustentabilidade”, informa. Segundo o coordenador, o processo de transformação é mais profundo. Ele dá como exemplo a questão da mobilidade urbana, que, além de uma transição entre uma frota de veículos de combustível fóssil para eletrificação, precisa repensar a relação de deslocamento pessoal, estimulando as possibilidades de emprego perto da moradia e formas de transporte ativo, como bicicleta e caminhada, por exemplo.

“Enfim, transformações que estão na base do problema e da demanda. Isso é uma mudança profunda e complexa”, afirma, explicando que dessa forma é possível trabalhar a saúde pública por meio de estímulo ao exercício físico. “Eu consigo reduzir a poluição urbana, mas também a redução da tensão e do excesso de tráfego. Eu consigo também reduzir os riscos de acidentes, e torno a cidade mais viva, mais interativa com as pessoas na rua usando melhor o espaço público.” Para o professor, há uma série de outros ganhos e possibilidades que vão muito além de apenas trocar motores a combustão por motores elétricos. “Essa é uma transformação profunda que nos diferencia. É nesse sentido que esperamos a contribuição dos doutorados para além daquilo que os mestrados já faziam. Os doutorandos aprofundando essas possibilidades de densidade de mudanças, de interação com distintas variáveis.”

Mais informações no site do Programa de Pós-Graduação Ambiente, Saúde e Sustentabilidade. Para ver o edital completo clique aqui.

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