Em menos de seis anos, dois alunos formados no curso de Informática Biomédica da USP, em Ribeirão Preto, criaram dois negócios de sucesso. O primeiro foi o aplicativo Hoje tem frango, cuja marca foi vendida para uma grande empresa de alimentos. Agora, os jovens empreendedores Marcelo Alexandre Santos e José Carlos Bueno de Moraes estão investindo em um novo projeto: o desenvolvimento de um software para acompanhamento de internação hospitalar.
Marcelo Santos e José Carlos Bueno dizem que é uma tarefa desafiadora uma operadora de saúde no Brasil ter controle e acesso a informações sobre internações hospitalares. Em contato com esse universo durante o curso de graduação, tiveram a ideia de criar o Carefy, software que leva o mesmo nome da startup.
A plataforma atua na central de internação da operadora, onde ficam a equipe multidisciplinar e seus gestores responsáveis. “Essas centrais são responsáveis pelo monitoramento dos pacientes internados. Enfermeiras auditoras realizavam o procedimento de coleta de informações de forma manual e descentralizada, o que pode levar a muitos erros, ausência e atraso nas informações que são fundamentais para a tomada de decisão dos gestores”, diz Marcelo Santos.
Nesse universo, entra o Carefy, que permite às enfermeiras contarem com um aplicativo de celular para captação dessas informações, que automaticamente vão para os gestores para análise e tomada de decisão. “As enfermeiras adicionam as informações no aplicativo e a central de internados tem os dados necessários para tomada de decisão em tempo real”, explica José Carlos Bueno.
No caso dos gestores, eles contam com indicadores estratégicos e gráficos com dados de internação e custo da operadora. O Carefy ainda gera alertas específicos sobre diagnósticos e tudo o mais relacionado ao doente. Essas informações chegam às mãos da equipe, auxiliando para que a tomada de decisão seja otimizada e mais assertiva para que o paciente possa ter alta o mais rápido possível.
A startup deles, Carefy, está incubada no Supera Parque Tecnológico, sediado na USP em Ribeirão Preto. O local é um espaço que oferece oportunidade para as empresas transformarem pesquisa em produto, aproximando os centros de conhecimento (universidades, centros de pesquisas e escolas) do setor produtivo (empresas em geral).
Empreendedorismo por acaso
Em 2012, quando ainda eram alunos da Informática Biomédica, curso interunidades das Faculdades de Medicina (FMRP) e de Filosofia, Ciências e Letras (FFCLRP), ambas da USP em Ribeirão Preto, empreender não estava nos seus planos.
Na época, os estudantes simplesmente buscavam facilitar a vida dos alunos do campus com a criação do aplicativo Hoje tem frango. “A gente nem sabia o que era empreender e nem pensava nisso, o empreendedorismo mudou nossa vida por acaso”, comenta Marcelo Santos.
O app basicamente auxiliava os universitários com as rotas de ônibus que circulavam pela Universidade, além de mostrar o cardápio dos restaurantes do campus de Ribeirão Preto. O programa teve impacto tão positivo que foi comprado por uma grande marca de alimentos nacional, assustando os próprios criadores do negócio. Segundo José Carlos Bueno, a venda era algo que nunca foi esperado. “Recebemos a proposta e nem tínhamos a intenção de vender, mas o assédio foi tão grande que no dia seguinte já finalizamos o negócio”, relembra.
Já Marcelo Santos frisa que a ideia começou de forma simples e, por puro prazer e vontade de ajudar os alunos, foi sendo melhorada. “Fomos aprimorando o aplicativo ao longo do tempo, começamos com um atalho no Google Chrome e depois tivemos mais de 6 mil downloads ativos com a ferramenta nos celulares.”
Mesmo após a venda da primeira ideia, o empreendedorismo não saiu da vida dos jovens, que fundaram um novo negócio. “Geralmente, o empreendedorismo aparece em uma hora ruim na vida da pessoa, mas com bons sócios, amigos, apoio familiar e persistência o negócio tem tudo para dar certo”, aconselham os jovens junto com sua nova sócia, Érika Monteiro.
Em 2018, o empreendedorismo atuará como protagonista no cenário de empregos nacional. Segundo estudo inédito do Banco Santander, somente neste ano, o Brasil vai gerar 2 milhões de novas vagas de ocupação, sendo que os trabalhadores por conta própria oferecerão metade das oportunidades.
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