A partir do dia 26 de outubro, a USP abre as inscrições para seu Programa de Desenvolvimento Humano pelo Esporte (Prodhe), que atende um público entre 8 e 16 anos, no campus Cidade Universitária, em São Paulo. As inscrições poderão ser realizadas pelo site do Centro de Práticas Esportivas (Cepeusp) da USP ou pessoalmente, no próprio Cepeusp, por um responsável adulto. Ao todo, 140 crianças e adolescentes são atendidos pelo Prodhe, nos períodos matutino e vespertino, separados em grupos determinados pelas faixas etárias dos “educandos”, como são chamados as crianças e adolescentes atendidos pelo programa.
O Prodhe abriga dois projetos internos: o Projeto Brincar, com turmas vinculadas à Creche Central da USP e focado no “brincar” através da realização de atividades de caráter lúdico e recreativo, e o PET, que trabalha a iniciação e formação esportiva e incentiva a prática de diversas modalidades, com a característica de propiciar a prática da atividade física “ao longo da vida”, informa o coordenador do programa, Marcos Vinicius Moura e Silva.
Extensão universitária
Vinculado ao Cepeusp, o Prodhe é um programa de extensão universitária, desenvolvido por professores, funcionários técnico-administrativos e estudantes da USP, com uma diretriz que busca atender tanto a comunidade acadêmica quanto a comunidade externa. O programa — que tem por objetivo adotar, desenvolver e difundir a educação pelo esporte entre crianças e adolescentes — nasceu do Projeto Esporte Talento (PET), uma parceria que existiu de 1995 até 2009 entre a USP e o Instituto Ayrton Senna (IAS), principal mantenedor do PET. Na época, conta Emílio Antônio Miranda, diretor do Cepeusp e um dos idealizadores do PET, o projeto era focado em encontrar talentos para a prática de esportes em nível competitivo.
O convênio entre a USP e o IAS terminou em 2009 e o Prodhe, que hoje incorpora o PET, foi criado naquele mesmo ano. Desde então, a Universidade passou a ser a principal financiadora do programa.
Todo esse processo, que antecede a criação do Prodhe, afirma Marcos, vem “consolidar uma transição” que acompanha a mudança de visão do projeto em relação ao esporte, de um instrumento para encontrar novos talentos esportivos para uma ferramenta de desenvolvimento individual, social e cognitivo.
“Nosso objetivo está focado em que todos que se envolvam com o programa possam ter o esporte e a atividade física como um hábito e um valor social. E a criança possa ter o esporte incorporado para a sua vida”.
Atualmente, além das atividades internas, o Prodhe realiza eventos para o público externo, como as Olimpíadas do Projeto Esporte Talento (Olipet) e a Voltinha da USP, que tem como público-alvo os educandos do Prodhe, estudantes de escolas públicas e privadas, clubes esportivos, escolas de esportes e ONGs.
Essas ações estimulam a prática de modalidades esportivas e a experiência com diversas atividades corporais, desenvolvendo habilidades motoras e incentivando o desejo do jovem de se movimentar através da atividade física. Outras atividades ocorrem em pontos específicos da USP e na cidade de São Paulo, em parceria com instituições.
Público
Marcos Silva, que está no Prodhe desde seus primórdios, viu pelo menos duas gerações de jovens passarem pelo programa, percebendo nítidas transformações nos comportamentos dos antigos e atuais educandos. A principal, segundo ele, foi a reunião de jovens de diferentes condições socioeconômicas, distinguindo o Prodhe de outros projetos sociais. “Existem projetos que atendem apenas quem não tem acesso. Mas temos uma classe média que vive em condomínios, com acesso ao lazer nestes lugares. E quando a gente vai se fechando em nossos mundos, que convivência teremos aí? Não é de se estranhar que se tenham mais conflitos”, afirma.
Um desses jovens é Tábata Neves, 12 anos e educanda do Prodhe há quatro. Ela conta que sempre teve vontade de praticar esporte e, a partir deste desejo, foi apresentada ao programa por seu pai. Gostou da proposta, se inscreveu e hoje pretende ficar até o último ano.
Com a experiência, percebeu mudanças em diversos aspectos de sua vida. “Antes eu não sabia jogar nada. Achava que sim, mas eu não sabia. Quando eu vim para cá, comecei a aprender e fui levando ‘lá para fora’ o que aprendi aqui”. Hoje, conta, “não fico mais parada em casa e também sou uma pessoa mais calma. Aprendi a prestar mais atenção nas explicações”.
Assim como Tábata, Maria dos Remédios, funcionária do Cepeusp há 22 anos e que trabalha no Prodhe desde 1995, também enxergou mudanças em seus filhos, que foram educandos do programa. Um deles fez parte do Prodhe por sete anos e meio e hoje trabalha como profissional de educação física. Ela mesma percebeu transformações em sua vida, afirmando que trabalhar no programa por todos esses anos foi como “estudar em uma faculdade” que não teve a oportunidade de frequentar. “A bagagem que eu tenho, nesses anos de trabalho, me trouxe uma riqueza muito grande.”
Como chegar
O Prodhe fica no Cepeusp, localizado na Rua Prof. Rubião Meira, 61 – Cidade Universitária. Para mais informações sobre o programa e as inscrições, entre em contato pelos telefones (11) 3091-3592 ou (11) 3091-2059, ou envie um e-mail para prodhe@usp.br.