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A tecnologia RFID, sigla em inglês para Identificação por Radiofrequência, apresenta uma ampla gama de aplicações. O Departamento de Engenharia da Computação e Sistemas Digitais (PCS) da Escola Politécnica (Poli) da USP, em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), tem desenvolvido um projeto de inserção de chips em dormentes dos trilhos (as peças de madeira ou metal sobre as quais se assentam os trilhos). A proposta visa, principalmente, ao monitoramento da trajetória de cada peça, da compra até o descarte. Ainda em fase experimental, o programa enfrenta atrasos por conta da situação econômica nacional.
A ideia do projeto surgiu em uma disciplina do Curso de Especialização em Sistemas Logísticos, ministrada pelo professor Carlos Eduardo Cugnasca, do PCS, há cerca de três anos. O aluno Veltan E. Martinelli Jr., funcionário da CPTM, mostrou grande interesse pela RFID, tanto que o trabalho de conclusão de curso deste foi baseado em um estudo, pioneiro no País, sobre identificação de dormentes ferroviários por meio de chips. A Companhia Paulista apoiou a iniciativa e então nasceu o projeto, que conta com a parceria do IPT e da Poli.
Rastreamento de trilhos
Os dormentes utilizados pela rede ferroviária metropolitana são feitos de madeira. O processo de fabricação inclui um tratamento químico que aumenta a sua durabilidade. No entanto, tal etapa torna os dormentes potenciais agressores ecológicos quando do seu descarte. Segundo Cugnasca, um dos objetivos dos chips seria permitir o rastreamento dos dormentes para lhes garantir um destino adequado. Neste sentido, o professor ressaltou usos alternativos para as peças de madeira, como, por exemplo, a confecção de móveis e produtos decorativos.
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Ainda de acordo com o docente, um controle mais apurado do estoque da empresa, o monitoramento da durabilidade dos dormentes em cada trecho da linha férrea e um melhor planejamento das manutenções são outros possíveis benefícios para a CPTM, empresa que financia a pesquisa. A seleção dos modelos de chips e o local de inserção já foram definidos, assim como o método para a leitura dos dados. Quando a empilhadeira retirar as peças do caminhão passará por portais que capturam a informação transmitida.
Uma fase posterior do projeto se volta para a reestruturação do sistema de informática da empresa, o qual poderá se comunicar com os portais remotamente. Desta forma, registros como nome do fornecedor e número de notas fiscais dos dormentes poderão ser aferidos com precisão. A instalação dos dispositivos seria feita progressivamente, à medida que as unidades fossem sendo substituídas.
Sobre o andamento das pesquisas, Cugnasca lamenta: “Agora estamos em um momento terrível. As empresas estão com restrições orçamentárias gravíssimas, e a CPTM também. Então, muitas pesquisas não estão sendo realizadas na velocidade planejada no seu início”.
Daniel Miyazato/Jornalismo Júnior