Valorizar e respeitar as instituições e o regime democrático impactam a qualidade de vida e a economia

Países democráticos e mais confiáveis podem se aproveitar melhor de um processo, que já vem ocorrendo, de mudanças das cadeias produtivas globais, diz o colunista Luciano Nakabashi

 31/08/2022 - Publicado há 2 anos

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Em meio às comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, no próximo dia 7 de setembro, o professor Luciano Nakabashi, na coluna Reflexão Econômica desta semana, fala sobre a importância do evento em termos econômicos.

Historicamente, diz o professor, a Independência é um acontecimento relativamente recente e com uma democracia ainda em processo de estabelecimento. “Mas a data precisa ser comemorada, pois é o momento de se mostrar toda a construção de uma nação.”

Assim como outros países latino-americanos, o Brasil passou por diversos momentos turbulentos, lembra o professor, seja em termos de regime de poder, seja em termos econômicos e políticos. “Isso é reflexo de um país ainda em processo de fortalecimento institucional e essas instituições, desde o seu início, são muito desiguais e estimulam a desigualdade, favorecendo uma elite.”

Para o professor, deve-se olhar os acertos e os erros desses períodos, especialmente o processo recente de redemocratização no País, “que também tem sido turbulento em termos econômicos e políticos, reflexo das instituições que ainda estão em formação”.

Nakabashi afirma que é necessário valorizar e fortalecer o processo de consolidação das instituições, do regime democrático e da liberdade de expressão, com respeito ao coletivo, mas também ao individual, como acontece nos países mais avançados, que têm uma democracia forte e bem estabelecida, mas com respeito à sociedade como um todo. “Isso é muito importante para a qualidade de vida e também para economia.”

O professor diz que atualmente é possível ver países como China e Rússia, economias com grande concentração de poder e pouco democráticas, causando instabilidade mundial e ameaçando a estabilidade da Europa e do mundo, por serem potências bélicas e econômicas, e com isso afetam toda a produção que hoje se dá em cadeias globais de valor.

Para Nakabashi, o processo autoritário de combate à pandemia está causando problemas na economia, não só da China, mas também do resto do mundo, que é interligado, tanto na questão produtiva, como no fluxo de pessoas e de capitais. Então, o que acontece lá na China, diz o professor, acaba afetando outros países, por isso os que são democráticos e mais confiáveis podem se aproveitar melhor de um processo, que já vem ocorrendo, de mudanças dessas cadeias produtivas globais.

Para finalizar, Nakabashi é enfático: “Se o Brasil fortalecer sua democracia pode aproveitar e se inserir mais nessas cadeias produtivas globais. Mas temos que valorizar a verdadeira democracia, processo fundamental para o País se desenvolver em termos políticos, sociais e econômicos”.


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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