Um olhar sobre o encontro entre os países da América do Sul

Alberto do Amaral foca sua coluna no encontro que reúne, em Brasília, os presidentes de países da América do Sul, que buscam uma integração que vem de longa data e que passou por muitos acordos

 30/05/2023 - Publicado há 1 ano

Logo da Rádio USP

Nesta terça-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne, em Brasília, com outros dez presidentes de países sul-americanos, encontro que preenche o tema desta coluna do professor Alberto do Amaral, que lembra que a proposta de integração da América do Sul vem de longa data, na verdade, desde os anos 1950, passando pela celebração do Acordo de Livre Comércio para a América Latina (Alalc), em Montevidéu, em 1960, que conheceu um grande impulso em sua fase inicial até perder importância e ser substituída pela Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), além de outras iniciativas que finalmente abriram espaço para o Mercosul, que “provém justamente da passagem do conflito para a cooperação entre o Brasil e Argentina; na década de 70, Brasil e Argentina protagonizavam uma situação de conflito; na década de 80, começam a estabelecer uma área de cooperação, que foi pavimentada e permitida pelo Acordo sobre o Uso dos Recursos Hídricos do Rio Paraná, sobre o uso pacífico da energia nuclear e sobre o tratado de cooperação entre Brasil e Argentina”.

Segundo o colunista,  havia um grande anseio para que o Brasil recuperasse a sua liderança regional, desprezada no governo anterior e que pretende agora ser ocupada pelo novo governo. “Este é um ponto inicial fundamental, o Brasil é um país que ocupa praticamente a metade da América do Sul e tem uma liderança incontestável nos campos político, econômico e também no campo estratégico; o segundo ponto importante é um tema de pacificação ou seja, de passagem também de uma situação de conflito para uma situação de cooperação, à semelhança do que ocorreu com as relações entre Brasil e Argentina. Há vários conflitos latentes entre presidentes da América do Sul”, complementa Amaral, acrescentando ser preciso haver uma harmonização entre os países em torno de metas comuns.

Ele prossegue: “O terceiro ponto é de natureza pragmática: há um contraste na América Latina e na América do Sul entre fragmentação e integração, muito se fala na integração, mas os países adotam na prática políticas de fragmentação, de separação, então é preciso ter uma agenda concreta, específica e previsível sobre o que será essencial e prioritário no processo de integração. Entre os sistemas figuram certamente integração física e energética da América do Sul e a proteção da Amazônia, a proteção da Amazônia também significa o combate ao crime organizado. Sem uma especificação, uma concretização dos temas que farão parte desse processo de cooperação, ela não será viável, ela se encaminhará novamente para uma retórica vazia”.


Um Olhar sobre o Mundo
A coluna Um Olhar sobre o Mundo, com o professor Alberto Amaral, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.