
A decisão do presidente norte-americano Donald Trump de retirar investimentos da Organização Mundial da Saúde (OMS) deve comprometer as pesquisas na área de saúde no mundo inteiro pela falta de investimento em cerca de US$ 500 milhões. Além do comprometimento financeiro, a questão técnica deve ser prejudicada, já que os melhores laboratórios estão nos EUA.
O médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) explica o que significa esse ato: “Dois grandes problemas – o financiamento, porque os EUA contribuem com US$ 400 a US$ 500 milhões por ano, além do problema técnico, já que a OMS depende de novas tecnologias, novos conhecimento e da investigação que ocorre nos diversos países sobre doenças específicas. Os laboratórios do mundo inteiro são convocados a produzir respostas”, avalia. De acordo com o professor, as perdas são de mão dupla, já que os americanos também vão perder em termos de pesquisas avançadas que ocorrem no mundo justamente porque estarão longe desses dados.

Zonas de emergência
A Organização Mundial da Saúde é um órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU) e tem como função auxiliar nas crises sanitárias, como ocorreu recentemente com a covid, além da malária e da aids, na década de 80.
Atualmente, o mundo tem 42 zonas de emergência e 300 milhões de pessoas estão passando por alguma dificuldade de saúde ou sanitária. Com a retirada dos Estados Unidos, é possível que outro país ocupe esse espaço e tudo indica que seja a China, pois se trata de um espaço geopolítico. “A segunda maior economia do mundo, que é a China, certamente ira ocupar esse espaço, saber o que está acontecendo no mundo antes de todos é uma vantagem estratégica”, finaliza.
Vale lembrar que esta não é a primeira vez que os Estados Unidos deixam a OMS. Na última vez, a decisão foi no final do mandato e não teve repercussão. Se a decisão realmente for mantida, os efeitos só serão sentidos após um ano, justamente o período de transição. A OMS espera que Donald Trump reconsidere a decisão. Na nota, a entidade relembra que os Estados Unidos foram um membro fundador da organização em 1948, após a Segunda Guerra Mundial, e participa ativamente da formação e governança do órgão.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.