“Resultado da eleição definirá posição do Brasil no mundo”

É o que afirma Pedro Dallari em sua coluna desta semana. Para ele, o País pode voltar ao multilateralismo ou se manter de costas para o mundo globalizado

 19/10/2022 - Publicado há 2 anos
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O segundo turno da eleição deste ano para presidente da República terá como um dos desdobramentos a definição da posição que o Brasil terá nos próximos anos no cenário internacional. É isso o que afirma o professor Pedro Dallari em sua coluna desta semana. Para ele, dependendo do resultado da eleição, o País poderá trilhar caminhos bem distintos. “Sendo o presidente o responsável pela conduta da política externa, é verdade que essa definição ocorre em todas as eleições presidenciais. Mas, desta vez, com base na verificação de como foi o posicionamento internacional do Brasil nos governos dos dois candidatos – o ex-presidente Lula e o atual presidente, Bolsonaro – é possível se prever dois caminhos completamente diferentes”, reflete o colunista, ressaltando que, nos governos do PSDB e do PT, houve a adoção de posições convergentes. “No período que se inicia com o fim da ditadura militar e a redemocratização do País, em 1985, e vai até a eleição de Bolsonaro, em 2018, a política externa brasileira foi pautada pela valorização do multilateralismo, isto é, pela opção em favor do tratamento das grandes questões internacionais por meio da negociação amigável entre os países, especialmente no âmbito de organizações internacionais”, relembra Dallari. “E, nesse cenário de prevalência da busca de entendimento por meio de negociações multilaterais, os diferentes governos do Brasil procuraram pautar suas ações pelo cumprimento dos dez princípios de relações exteriores estabelecidos na Constituição aprovada em 1988, entre eles os princípios da prevalência dos direitos humanos, da defesa da paz, da solução pacífica dos conflitos e da cooperação entre os povos. A ênfase no multilateralismo e na defesa desses princípios tornou o Brasil extremamente respeitado no mundo”, afirma o professor.

No entanto, segundo Dallari, essa postura mudou nos últimos quatro anos, com o atual governo abandonando o multilateralismo, se isolando e passando a adotar uma posição mais ideológica. “Assim foi com os Estados Unidos no governo de Donald Trump, e assim vem sendo com a Rússia de Vladimir Putin. Por conta disso, por exemplo, o Brasil tem sido um dos poucos países democráticos do mundo a não condenar de forma veemente a invasão e ocupação do território da Ucrânia por tropas russas, verdadeiro ato de guerra, imoral e ilegal à luz do direito internacional. E temas tradicionais da pauta internacional brasileira foram deixados de lado no governo Bolsonaro, como a defesa dos direitos humanos e a preservação do meio ambiente”, ressalta Dallari. “Portanto, são duas visões de política externa extremamente diferentes: a do ex-presidente e candidato Lula e a do atual presidente e candidato Bolsonaro. A vitória de Lula terá como resultado a volta à posição anterior do Brasil, pautada na defesa do multilateralismo e de princípios de convivência elevados. A reeleição de Bolsonaro significará a manutenção de uma política externa isolacionista e baseada no confronto com os países com governos de posições ideológicas divergentes”, finaliza o colunista.


Globalização e Cidadania
A coluna Globalização e Cidadania, com o professor Pedro Dallari, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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