Projeto busca incluir pessoas do espectro autista no mercado de trabalho

Em parceria com a Escola Politécnica e a plataforma Adapte Educação, o projeto CooTEA busca incluir pessoas autistas desde a escola até o mercado de trabalho, com treinamentos específicos e técnicas de ensino especializadas

 19/01/2024 - Publicado há 10 meses
Todas as edições do projeto são temáticas e oferecem uma formação específica para os participantes – Ilustração: adapte
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Com apoio e parceria da Escola Politécnica (Poli) da USP acontece a segunda edição do CooTEA, um projeto que nasceu com a missão de incluir pessoas autistas desde a escola até o mercado de trabalho, com treinamentos específicos e técnicas de ensino especializadas. Emanuel Santana, integrante da plataforma Adapte Educação de formação especializada em terapia, ensino e inclusão de pessoas autistas – e parceira do projeto –, explica como funciona o projeto e a parceria com a Poli. 

De acordo com Santana, a parceria entre o projeto CooTEA e a Poli surgiu em 2021. “A gente começou treinando em grupo de servidores de Cajamar juntamente com a Poli USP, e dessa experiência nasceu essa relação com a Poli, por conta da terapia para o autismo e das demandas que os autistas apresentam para a sociedade”, explica. Antônio Massola e Eduardo Mancebo, professores participantes do projeto, entenderam que um projeto firmado entre a empresa e a Universidade geraria resultados satisfatórios e assim surgiu o CooTEA, cooperação para treinamento e emprego de pessoas autistas. 

Impactos do autismo

Nos últimos 18 anos, o número de diagnósticos de autismo cresceu mais de 400%. Atualmente, no Brasil, existem aproximadamente 5,6 milhões de pessoas autistas. Segundo Santana, esse grupo enfrenta inúmeros desafios, como abusos físicos, discriminação e exclusão escolar. “A escola tende a ser um muro – o muro já foi maior para essa população de pessoas autistas –, ou seja, a exclusão era muito forte, era uma segregação que acabava gerando prejuízos em todas as áreas além da do aprendizado”, revela.

Emanuel Santana -Foto: LinkedIn

Além disso, os impactos do diagnóstico de autismo também afetam economicamente as famílias, seja pela necessidade de pagar terapias ou por conta do abandono paterno – que o especialista classifica como frequente –, situação em que as mães acabam criando os filhos de maneira solo. “A barreira escolar impede que essa pessoa acesse oportunidades de emprego e a família dela acaba tendo a renda muito fragilizada”, aponta Santana. Assim, o projeto surge para incluir pessoas que estão no espectro autista desde o ambiente escolar até o mercado de trabalho. 

Atuação da Escola Politécnica 

Santana explica que todas as edições do projeto são temáticas e oferecem uma formação específica para os participantes. A edição atual, por exemplo, é focada em programação em Javascript. Depois do curso, os profissionais estão capacitados para trabalhar tanto por trás dos softwares quanto na parte visual. 

Antônio Massola, professor da Escola Politécnica, é presidente da Comissão do Conselho de Ensino do CooTEA, responsável por avaliar a capacidade dos alunos de ingressar, ou não, no mercado de trabalho. Caso seja aprovado pela comissão, o indivíduo passa a atuar profissionalmente e é supervisionado por mais seis meses, com o objetivo de flexibilizar as normas das empresas e criar ambientes de trabalho mais adaptativos para pessoas com autismo.  

Repercussão do projeto 

Até agora, o projeto impactou diretamente quase 100 indivíduos e até 2030, segundo Santana, a meta é capacitar 10 mil pessoas com autismo. 

Está aberto o processo de seleção para empresas interessadas em receber treinamentos sobre como incluir pessoas autistas nos ambientes de trabalho. Para participar, acesse o link cootea.com.br/empresa e realize a inscrição. O processo de treinamento é totalmente gratuito e o prazo para se inscrever vai até o dia 29 de fevereiro.


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