Problemas estruturais na economia e instabilidade política levam à queda na Bolsa de Valores

A falta de aumento na produtividade no trabalho, a piora significativa na capacidade do governo em manter uma agenda de reformas, a instabilidade política fazem as expectativas piorarem e uma das consequências é a queda na Bolsa de Valores

 18/08/2021 - Publicado há 3 anos

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Na coluna Reflexão Econômica desta semana, o professor Luciano Nakabashi fala sobre o cenário que levou  à queda na Bolsa de Valores. O professor explica que essa queda reflete as expectativas de parte dos agentes econômicos em relação ao desempenho futuro da economia brasileira, ou seja,  em relação à sustentabilidade da dívida pública e do governo cumprir seus compromissos ou cumprir o teto de gastos.

O professor diz que, mesmo com a melhora anterior em relação às contas públicas, que levou os agentes a ficarem mais despreocupados, o novo Bolsa Família e a questão dos precatórios levaram a situação fiscal ao centro dos debates sobre o desempenho econômico brasileiro. “O parcelamento do pagamento dos precatórios seria uma quebra de contrato e meio que uma pedalada fiscal, feita de forma legal. Colocar esse gasto fora do teto seria o seu enfraquecimento, o que poderia levar cada vez mais a brechas para que algumas despesas fossem colocadas fora dele, o que faz com que o teto deixe de ter sua função, que é controlar os gastos públicos.”

O professor lembra que os gastos do governo são muito engessados, o que mostra a necessidade de reformas, especialmente a desvinculação de certos gastos em relação às receitas, para que se tenha mais flexibilidade para fazer o orçamento. Mas, para isso, diz, algumas reformas deveriam ter sido feitas, pois a reforma da Previdência não foi o suficiente, “precisaria ter sido mantida uma agenda de reformas para o governo ter uma capacidade maior de controle dos gastos”.

Além dessa questão fiscal, outros elementos estão afetando a queda na Bolsa de Valores, segundo Nakabashi, como os problemas estruturais na economia. Ele cita a falta de aumento na produtividade no trabalho, a piora significativa na capacidade do governo  em manter uma agenda de reformas importantes, a instabilidade política criada pelo próprio governo, a incerteza sobre a capacidade das instituições brasileiras funcionarem normalmente, especialmente em 2022, que será um ano eleitoral. “Todo esse cenário, num momento que ainda temos uma pandemia, com uma variante do vírus que está afetando fortemente os países que já estão vacinados, fora os problemas internos como inflação, a questão fiscal, a produtividade e a lenha na fogueira colocada pelo próprio presidente da República, levam à piora nas expectativas quanto à economia do País.”


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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