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Você sabe o que é um discurso mecanicista? Então saiba, nas palavras de Luli Radfahrer, que o discurso mecanicista “parece muito com aquela ideia que a gente tem de discurso machista, discurso homofóbico, ou seja, é um discurso ruim, que está meio que preso na sociedade e que a gente não se dá conta dele, a gente não se dá conta do efeito gigantesco que ele tem. O mecanicista é o discurso que a gente tem com máquinas em que, em vez de fazer a máquina aprender a falar com a gente, a gente aprende a falar com a máquina. Você olha para a máquina de lavar, você sabe que você tem que aprender a falar “maquinadelaveis”, a sua geladeira é conectada, eletrônica, você vai ter que falar “geladeres”, você comprou um carro novo, uma moto, uma câmera fotográfica, você tem que se curvar à máquina e aprender a falar o dialeto da máquina”.

Ou seja, segundo Radfahrer, mesmo sem perceber, somos fluentes nas mais diversas línguas que não precisaríamos ter de aprender. “A máquina tem que se adaptar ao ser humano e não o contrário. Então, até hoje você vê um monte de ferramentas que poderiam ser muito mais simples. Por que uma máquina de lavar roupa, por exemplo, não funciona como uma impressora, que tem os cartuchos com sabões lá e eu encho o cartucho, troco o cartucho e pronto, o cartucho dura para sempre, por que toda vez que eu tenho que lavar eu tenho que colocar um pouquinho de sabão? Isso vale para qualquer uma delas, micro-ondas é uma língua estranha, então o que a gente precisa fazer ? A gente precisa começar a demandar a mudança de discurso, porque daí as máquinas vão ser melhores; isso vai ser melhor para elas e vai ser melhor para a gente, é só a gente ver o que aconteceu com o telefone.”

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