Preconceito e desinformação são desafios para a busca de cuidados mentais

Táki Córdas afirma que o IPq Portas Abertas é um evento para informar a população sobre temas da saúde mental

 21/09/2023 - Publicado há 1 ano
IPq Portas Abertas é uma forma de evidenciar para a população que os transtornos psiquiátricos são muito comuns – Foto: Divulgação IPq/USP

 

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O evento IPq Portas Abertas, promovido pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IPq-HCFMUSP), vai acontecer no dia 22 de setembro, das 8h até as 17h.  A programação contará com 160 palestras sobre diversas questões do cuidado mental para prestar informações, esclarecer dúvidas e orientações sobre saúde mental e transtornos psiquiátricos gratuitamente. As inscrições prévias são necessárias para a participação. 

Táki Cordás, psiquiatra e coordenador do IPq Portas Abertas 2023, comenta que a 9ª edição do evento é a primeira depois do período da pandemia do coronavírus. “Uma das grandes questões da psiquiatria não é o tratamento, não é o diagnóstico, é o preconceito e o estigma acerca da busca por ajuda e a eficácia dos tratamentos”, destaca o médico. Nesse sentido, Cordás comenta que o IPq Portas Abertas é um evento de apresentação, para a população geral, em linguagem compreensível, das diferentes áreas de atuação do IPq. 

Pandemia e a saúde mental

Táki Cordás – Foto: Arquivo Pessoal

Mesmo diante de um cenário tão terrível como o período pandêmico do coronavírus, alguns recursos e tratamentos, como os atendimentos on-line, na visão do psiquiatra, obtiveram um avanço notável e importante, na medida em que se promoveu maior acessibilidade a pessoas que encontravam dificuldades com a distância. Cordás afirma que, apesar de não se tratar de uma situação boa, durante a pandemia se conseguiu falar muito mais de saúde mental e se promover um olhar mais dedicado aos problemas relacionados às questões humanas e emocionais.

“IPq Portas Abertas é uma forma de evidenciar para a população que os transtornos psiquiátricos são muito comuns, além disso, é um grupo de transtornos mais comum entre as doenças humanas: cinco entre as dez doenças humanas que mais incapacitam são psiquiátricas”, discorre o coordenador. 

Barreiras na saúde mental

Há uma série de fatores que dificultam a procura por ajuda quando se encontra em sofrimento psíquico, segundo Córdas, e uma dessas barreiras apontadas pelo médico se relaciona diretamente com as limitações causadas pela doença enfrentada. “Muitas vezes, a própria doença atrapalha o mecanismo de juízo próprio de crítica pessoal, a pessoa não consegue enxergar algumas doenças onde as pessoas à volta do doente dizem”, explica. 

A desinformação acerca das doenças mentais e seus parâmetros também é outra barreira que impede os indivíduos de procurarem ajuda, uma vez que acreditam tratar-se de uma situação de “sofrimento normal” e não que pode ser auxiliada por um tratamento. Outro desafio já mencionado pelo médico é o preconceito, que gera uma série de estigmas acerca da pessoa com algum transtorno psíquico. 

Políticas educacionais 

Para além da educação da população geral sobre a temática, Táki Córdas ressalta a importância de instruir a própria classe médica, visto que existem casos em que os profissionais evitam o encaminhamento para a psiquiatria. Além disso, também cita um preconceito intrapsíquico em que, por vezes, tanto a psicologia nega um tratamento biológico quanto a psiquiatria acredita no cuidado farmacêutico apenas. 

“O tratamento combinado de psiquiatra e de psicoterapia, tratamento farmacológico é muito mais eficaz do que o tratamento farmacológico isolado e de que o tratamento psicoterápico isolado”, afirma o psiquiatra. Assim, o papel de uma equipe multidisciplinar é essencial não apenas para o cuidado mais eficaz, mas também como um meio de disseminação do conhecimento de saúde mental para diversas áreas da medicina, não apenas a psiquiatria e a psicologia.


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