As eleições de 2022 caminham para um período decisivo. As últimas pesquisas de opinião apontam para sinais contraditórios, na opinião do professor e cientista político José Álvaro Moisés, pois, ao mesmo tempo em que o favoritismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se confirma, “indicando que a eleição pode se resolver no primeiro turno”, o presidente Jair Bolsonaro, segundo colocado na preferência do eleitorado, dá sinais de crescer, “ainda que não no volume que parecia ser a expectativa dos estrategistas de sua campanha”. De todo modo, analistas consideram ser muito cedo para saber se as medidas de benefícios sociais adotadas pelo governo federal, como o Auxílio Brasil, terão ou não o efeito de levar a disputa para o segundo turno, o que torna a disputa eleitoral cada vez mais tensa, “exigindo responsabilidade e transparência dos candidatos”.
Moisés observa que os olhos dos eleitores estarão voltados agora para a capacidade dos candidatos à Presidência apresentarem “de forma clara e sem subterfúgios os seus programas de governo e o perfil de suas políticas de Estado”. O País, em crise desde 2014, não tem poucos desafios a enfrentar, sobretudo na área econômica, e “os candidatos não terão como escapar da obrigação de responder a essa realidade”. Outro desafio a se impor aos candidatos é o de não permitir que a campanha eleitoral seja desvirtuada pela violência política e pelo desinformação das fake news, “esses riscos são muito fortes e ecoam as ameaças à democracia que, ao longo de meses, têm sido feitas ou estimuladas pelo presidente Jair Bolsonaro”.
Moisés repercute ainda a posse do ministro do STF, Alexandre de Moraes, na presidência do Tribunal Superior Eleitoral, na semana passada, cerimônia que contou com a participação das principais autoridades dos demais poderes do Estado e de embaixadores de países estrangeiros. No discurso de posse, Moraes defendeu ideais democráticos, o império da lei, a inviolabilidade da Constituição e o respeito à diversidade e ao pluralismo político, sem deixar de tecer uma “dura crítica ao discurso de ódio”. Para o colunista, o ato de posse foi um momento especial de reafirmação da confiança da sociedade brasileira no sistema eleitoral. Foi também “a expressão de um ato de articulação política cuidadosamente planejada para dar um basta aos sinais de preparação do golpe contra a democracia”.
Qualidade da Democracia
A coluna A Qualidade da Democracia, com o professor José Álvaro Moisés, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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