Na coluna Poder e Contrapoder desta semana, o professor e cientista político André Singer comenta sobre a polêmica declaração dada pelo ministro Gilmar Mendes no sábado à Folha de S.Paulo. “Não é aceitável que se tenha esse vazio no Ministério da Saúde. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a este genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim nisso”, disse o ministro.
O colunista afirma que, apesar de ser muito forte, é uma declaração esperada diante da crescente militarização no governo. “Muitos Ministérios importantes da Esplanada estão sendo ocupados por oficiais das três forças. No caso do Ministério da Saúde, por um general da ativa”, aponta Singer. Ele ainda comenta que a conduta do governo brasileiro em relação à pandemia é, no mínimo, controvertida, com mais de mil mortes por dia, acumulando até o momento mais de 75 mil óbitos por covid-19 – abaixo apenas dos Estados Unidos. “À medida que a situação da pandemia vai se agravando no Brasil, esta associação entre o que acontece e a presença de militares no governo certamente acabaria sendo feita”, diz.
Sobre a passagem do general Eduardo Pazuello, responsável interino pelo Ministério da Saúde, para a reserva, o colunista afirma ser positivo, a fim de que não se misturem a conduta de militares que estão no governo com as Forças Armadas, cuja função principal é a de defesa do País. Para Singer, porém, isso não resolve o problema. “A presença maciça de militares em Ministérios cria esta confusão entre instituições que não deveriam estar misturadas. Do ponto de vista da democracia, seria importante que as Forças Armadas não participassem da gestão do governo, e se concentrassem nas tarefas de defesa externa do País”, completa ele.
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Poder e Contrapoder
A coluna Poder e Contrapoder, com o professor André Singer, no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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