A comunicação oral é uma ferramenta poderosa, capaz de criar conexões emocionais entre pessoas e transmitir informações tradicionais ao longo dos anos. O ato de contar histórias, também conhecido como storytelling, é uma prática milenar vista como uma forma eficaz de propagar ideias e sentimentos, permitindo que os ouvintes se coloquem na perspectiva do narrador.
Conforme a pesquisadora Adriana Santos Brito, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, a narrativa pessoal é capaz de gerar empatia, convidando o público a se identificar com a vivência compartilhada. O storytelling, portanto, transforma a comunicação em uma experiência rica em emoções, promovendo um senso de pertencimento ao fazer com que os ouvintes se reconheçam nas histórias contadas. A especialista explica que esse método tem evoluído, especialmente na era digital, adaptando-se às novas formas de interação humana.
Storytelling e turismo
No contexto do turismo, o storytelling pode ser uma ferramenta eficaz para criar experiências memoráveis que conectam turistas e residentes, aponta Adriana. Narrativas autênticas sobre lugares e culturas permitem que os viajantes enxerguem o destino sob uma nova perspectiva, enriquecendo sua experiência. De acordo com ela, um dos exemplos é a vivência cacaueira em Belém, onde os visitantes podem se envolver diretamente com a produção de chocolate na região amazônica, apreciando a cultura local e a biodiversidade.
Contudo, a pesquisadora diz que a relação entre turistas e comunidades locais ainda requer estudos mais aprofundados, pois a autenticidade das narrativas é fundamental para garantir que as histórias contadas realmente reflitam a cultura e a história do lugar. Apesar de algumas performances serem utilizadas como estratégia para atrair turistas, ela conta que muitas vezes essa abordagem pode resultar em uma vivência artificial, desvirtuando a identidade da cultura local.
Desafios
Segundo Adriana Santos Brito, casos como a Disneylândia nos Estados Unidos são exemplos de experiências temáticas que, embora encantadoras, não representam a realidade. Além disso, o fenômeno do overtourism em cidades europeias como Barcelona, Paris e Veneza evidencia o impacto negativo que o turismo encenado pode ter nas comunidades, levando à gentrificação e à perda de identidade cultural.
“Por isso, recomenda-se que as experiências por meio do storytelling sejam enriquecedoras do ponto de vista da vivência, pois contar uma história é envolver as relações entre o passado e o presente. Para os turistas, quando essa narrativa é planejada de forma autêntica, consegue despertar a empatia, criar emoções, despertar novos sentimentos e as noções de pertencimento e apropriação do lugar visitado”, analisa.
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