Turismo cinematográfico impulsiona memória afetiva, gerando destinos frequentes de turistas

Renan Augusto Moraes Conceição conta que os países podem se beneficiar desse turismo para capacitar os profissionais da área e atrair cada vez mais visitantes

 Publicado: 29/11/2024 às 11:42
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chapéu do ciência e turismo

Imagem de uma sala de cinema, praticamente às escuras, com exceção do brilho proporcionado pela tela no fundo, a qual mostra cena de um filme onde dois personagens masculinos aparecem abraçados em sinal de camaradagem
Os fãs das produções cinematográficas movimentam significativamente a indústria cultural e turística – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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O turismo cinematográfico vem ganhando destaque como uma experiência única que combina lazer e a descoberta de locais icônicos apresentados em produções audiovisuais. Conforme Renan Augusto Moraes Conceição, pesquisador na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, esse conceito de turismo é caracterizado pela sua capacidade de oferecer experiências personalizadas e únicas e pela qual a viagem é moldada pela interpretação individual do turista sobre as obras que assistiu. 

Homem jovem, branco, de bigode e barba, usando óculos e vestindo camiseta de cor escura
Renan Augusto Moraes Conceição – Foto: Currículo Lattes

“Quando pensamos nos filmes do Senhor dos Anéis e Hobbit, quase sempre surgem em nossa mente as belas imagens das paisagens montanhosas da Nova Zelândia. Da mesma forma, os filmes do Homem-Aranha nos lembram automaticamente a cidade de Nova York. Dessa maneira, muitas pessoas decidem e planejam suas viagens com base nos filmes e séries de sucesso, configurando o que vem a ser esse fenômeno do turismo cinematográfico”, exemplifica. 

Cultura cinematográfica

De acordo com o pesquisador, filmes, séries, documentários e programas de TV atuam como difusores da cultura e dos valores sociais dos lugares onde são filmados, funcionando como uma espécie de propaganda subliminar que atrai visitantes em busca de vivências semelhantes às vistas nas telas. O desejo dos fãs de cinema de vivenciar essas localizações de perto deu origem ao termo set-jetters, que descreve os turistas que planejam suas viagens em função de cenários de filmagens. 

“Esse público movimenta significativamente a indústria cultural e turística, exigindo produtos e serviços que satisfaçam sua curiosidade sobre os bastidores das produções. Nesse sentido, algumas experiências e informações só podem ser plenamente apreciadas quando vistas pessoalmente, o que torna essas viagens ainda mais desejáveis”, analisa.

Historicamente, Walt Disney foi um dos primeiros a reconhecer a influência do cinema na motivação das pessoas para viajar, quando, em 1955, fundou seu parque de diversões que permitia aos visitantes interagir com seus personagens favoritos. Hoje, diversos países, incluindo Itália, Nova Zelândia e Austrália são reconhecidos como destinos atraentes para grandes produções cinematográficas, com o Brasil começando a se destacar nesse nicho.

Cinema brasileiro

Segundo Conceição, o Ministério do Turismo brasileiro, consciente dessa oportunidade, publicou em 2008 a Cartilha do Turismo Cinematográfico Brasileiro, que apresenta diretrizes para compreender o perfil desse turista e desenvolver produtos que promovam o País como um destino competitivo no cenário internacional. Ele ressalta que a produção cinematográfica pode englobar estratégias como a criação de materiais bilíngues, atração de profissionais estrangeiros e a promoção das culturas e paisagens locais.

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Produções audiovisuais renomadas como Ensaio sobre a Cegueira, O Auto da Compadecida, Cidade de Deus e Bacurau, além de séries como Cidade Invisível, foram produzidas em território brasileiro. Esse cenário ajuda a posicionar o País como um destino rico culturalmente e cheio de possibilidades para turistas que buscam esse tipo de experiência. 

“Pensando nesse cenário, o setor do turismo, tanto empresas como prestadores de serviços, possui a grande possibilidade de qualificar e diversificar seus produtos, visando a oferecer imersões culturais baseadas no audiovisual, seja nos negócios, seja nos encontros sociais”, analisa.


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