Na coluna desta semana, Luli Radfahrer comenta que o termo inteligência artificial é fantástico, mas tem dois problemas: “Não é inteligência e não é artificial”. O colunista justifica a razão de não ser inteligência, afirmando que o que é criado pela máquina representa uma gigantesca compilação de coisas geradas por pessoas. A ideia de inteligência em inglês, segundo ele, vem da coleta de dados que a CIA (Central Intelligence Agency) –“que não é uma agência de pessoas brilhantes, mas uma agência de espionagem” – compila por meio de máquinas.
Radfahrer explica que também não é artificial, porque nada daquilo é gerado pela máquina, “a máquina só pegou várias imagens, várias coisas que muita gente fez, misturou e entregou”. O professor acrescenta que ali não tem nada de novo, nem de perigoso. “Na verdade, é muito mais bonito você falar sobre inteligência artificial do que você falar que um oligopólio de cinco ou seis empresas coletam os dados de um montão de gente, sem pagar direitos, mistura tudo e vende de volta para você.” Segundo ele, isso é praticamente um colonialismo, o argumento para aumentar o preço das ações e dizer: “Eu estou desenvolvendo uma tecnologia que é tão poderosa que pode acabar com a humanidade. Todo mundo sai falando das empresas, um monte de gente compra as ações das empresas e o sujeito ganha dinheiro em cima disso mas, no fundo, no fundo, ela não tem absolutamente nada de inteligência”.
O colunista alerta que a inteligência artificial é uma ameaça, “mas ela não é uma ameaça onde as pessoas estão falando, a máquina não vai dominar o homem”. Ela é muito perigosa porque, ao coletar esse monte de dados, consegue influenciar comportamentos. “O jeito mais fácil que eu tenho de manipular você é entender direitinho como você age, do que você gosta. Aí eu vou te dar aquilo que você quer para conseguir aquilo que eu quero. É uma das técnicas mais antigas do mundo e a hora que você concentra na mão de pouquíssimas empresas um poder gigantesco e uma capacidade transformadora gigantesca, você está dando para essas empresas poder maior do que o de muitos governos. E isso torna a concentração de poder muito grande, podendo gerar problemas sociais enormes”, alerta o professor.
Datacracia
A coluna Datacracia, com o professor Luli Radfahrer, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP Jornal da USP e TV USP.
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