
Janeiro Roxo marca o mês de conscientização sobre a hanseníase, doença conhecida há mais de 4 mil anos, entretanto ainda frequentemente presente nos diagnósticos médicos. A hanseníase é uma doença crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae e altamente transmissível enquanto não tratada e em seus estágios avançados, por isso, segundo a professora Maria Ângela Bianconcini, da pós-graduação em Dermatologia da Faculdade de Medicina da USP e pesquisadora científica no LIM 56, o Laboratório de Investigação Médica em Dermatologia do Hospital das Clínicas da USP , “é um problema de saúde pública brasileiro, pois o Brasil persiste como o segundo país que mais diagnostica hanseníase no mundo”.
A moléstia é transmitida através de gotículas de saliva eliminadas na fala, tosse e espirro, além do contato constante com pessoas infectadas que ainda não iniciaram o tratamento e encontram-se em estágio avançado da doença. Os sintomas enquadram-se entre manchas, coceiras e alterações neurais, segundo a professora. “Os sintomas da doença são, principalmente, sintomas neurais comuns. Ela arde, coça, pinica, dói, ciscadas, formigamentos, tudo isso são importantes para as pessoas pensarem que pode ser hanseníase, tanto profissionais de saúde quanto a população em geral”, detalha a professora.

Diagnóstico
O diagnóstico da hanseníase deve ser realizado logo no início da doença para a prevenção do contágio e de uma das suas principais características, desenvolvida durante a contaminação, as deformidades físicas causadas em seus estágios mais avançados. E, assim como ressaltado por Maria Ângela, são as principais causas do estigma que envolve a doença. “O enfrentamento, o diagnóstico e o tratamento nas fases iniciais bloqueiam a transmissão e o desenvolvimento de deformidades físicas, que são o que mais causam o estigma, causa de um grande sofrimento às pessoas acometidas pela hanseníase.”
Para o diagnóstico, a médica ressalta a importância em manter-se alerta às manifestações neurológicas periféricas como câimbras, formigamentos, picadas, diminuição da sensibilidade e outros. Para isso, são realizados exames físicos geral, dermatológico e neurológico para a identificação de comprometimento cutâneo ou neural.
Tratamento
O tratamento para a hanseníase é gratuito e disponibilizado pelo SUS, o Sistema Único de Saúde. O tratamento por medicamentos é realizado com a associação de três antimicrobianos – rifampicina, dapsona e clofazimina e, de acordo com a professora, “de seis meses a doze meses, dependendo da forma da doença”. Entretanto, há também a possibilidade da aplicação da vacina BCG, produzida com uma versão atenuada da bactéria Mycobacterium bovis, aplicada em recém-nascidos como prevenção parcial da tuberculose e hanseníase.
A pesquisadora ressalta a importância da conscientização, considerando o constante crescimento de casos da doença na população de São Paulo, pois, segundo ela, apesar de um decréscimo no período da pandemia, “o número de casos em São Paulo, novos, foi de 1.254. Havia muito tempo que não diagnosticávamos em crianças e, em 2024, foram diagnosticados 56 casos. Então são dados que ainda estão em revisão, mas surgiu um alerta”.
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