O jornal inglês Financial Times, pela primeira vez, terá uma editoria dedicada à cobertura de assuntos que envolvem o uso de inteligência artificial nos vários aspectos da vida cotidiana. Nesta sua primeira coluna do ano, o professor Carlos Eduardo Lins da Silva emite opinião sobre essa iniciativa. Ele diz que não se trata bem de uma novidade o jornalismo se valer da inteligência artificial, uma vez que, desde 2014, diversos jornais e diversas instituições de imprensa, como as agências noticiosas, já a usam para efetuar tarefas braçais, embora não para escrever textos. “O que mudou muito e tem criado muita celeuma no meio do jornalismo é que esse ChatGPT assombrou muita gente, inclusive a mim.” Surpreende a rapidez com que um pedido é atendido e como o texto produzido por essa tecnologia tem semelhanças como o escrito por uma pessoa.
No entanto, o colunista observa que isso parece ter sido um choque inicial, “porque o que tem se mostrado é que os erros são enormes, com frequência”, razão pela qual ele acredita que, após o momento inicial de fascinação, as empresas jornalísticas vão começar a pensar duas vezes antes de investir nisso. “Não só porque os erros colocam em risco a credibilidade do veículo, como também existem problemas legais bastante sérios”, relacionados a questões de direitos autorais. Foi observado que muitos textos são plagiados integralmente, cópias de coisas já publicadas. “Então, eu acho que o medo de perder credibilidade e o medo de ser processado, porque os textos são plagiados ou são originados de produtos das empresas jornalísticas, vão fazer com que as empresas e os veículos sejam muito cuidadosos em substituir as suas redações pelos robôs.”
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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