O impacto da tecnologia em serviços que criminalizam decisões individuais

Mesmo os Estados Unidos, em que os Estados têm mais liberdade para decisões, não estão preparados para a “regulamentação social” das tecnologias

 02/08/2022 - Publicado há 2 anos

Logo da Rádio USP

Na coluna Observatório da Inovação desta semana o professor Glauco Arbix comenta os impactos para a área tecnológica na decisão recente dos Estados Unidos para a questão do aborto.

Os impactos vão muito além do que se chama costumes. Nos Estados Unidos a Suprema Corte derrubou uma lei de 1973 que garantia, no âmbito federal, o direito ao aborto. Arbix enfatiza que o Estado sob decisões conservadoras avança sobre a privacidade de cada um, mas também sobre as empresas que oferecem serviços que podem ser caracterizados como corresponsáveis por decisões individuais.

Começa a correr em Cortes estaduais nos Estados Unidos a exigência da quebra de sigilo de conversas em redes sociais, de busca por informação que comprove a ida de mulheres a clínicas que executam o aborto, pessoas que procuram medicamentos que podem provocar o aborto e que acabam levando a uma discussão legal, abrindo as portas para a vigilância generalizada na sociedade que tem na base a quebra de privacidade. “Tem gente preparando aplicativos para perseguir mulheres que pensam em praticar o aborto” diz.

Para Arbix, mesmo nos Estados Unidos em que os Estados têm mais liberdade para decisões, eles, também, não estão preparados para isso. A regulação que atinge tecnologia tende a aumentar. O resultado é que essa disputa está aberta e é preciso muita coragem para refluir essa maré e deixar que a tecnologia, neste caso, ajude não a salvar vidas, mas impedir que pessoas não possam viver com liberdade.

 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.