Identificar problemas de visão na infância é decisivo para a saúde ocular a longo prazo

Maria Fernanda Abalem alerta que é fundamental fazer o teste do olhinho ainda na maternidade

 26/04/2023 - Publicado há 2 anos

 

“Se não tratadas na infância, que é o período em que a visão está se desenvolvendo, a gente não consegue ter uma reversão dessa visão no futuro”, diz Maria Fernanda – Foto: Sebastian Liste / OMS

 

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 60% a 80% dos problemas de visão são evitáveis mediante diagnóstico precoce. Maria Fernanda Abalem, médica do Departamento de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, traz importantes orientações sobre prevenção. 

Manutenção da saúde ocular

A médica explica que as ametropias, ou seja, os erros de óculos, são protagonistas nos casos de baixa visão. “Hoje a gente tem as ametropias ainda como uma causa comum de baixa visual em crianças e posteriormente em adultos. A gente ainda tem pessoas que não enxergam simplesmente porque não tiveram acesso a um exame de refração”. 

Maria Fernanda Abalem – Foto: Researchgate – researchgate

A identificação desses problemas ainda na infância é decisiva para a saúde ocular a longo prazo: “Se não tratadas na infância, que é o período em que a visão está se desenvolvendo, a gente não consegue ter uma reversão dessa visão no futuro mesmo que a pessoa tenha acesso a um óculos”, diz Maria Fernanda.

É fundamental fazer o teste do olhinho ainda na maternidade: “É um teste que consegue detectar uma opacidade que pode ser decorrente de uma catarata congênita, de um retinoblastoma e de alguma outra doença congênita mais grave”. Após esse teste e identificando que está tudo bem, recomenda-se que a criança passe por um exame oftalmológico no primeiro ano de vida.

No entanto, os cuidados não param por aí: “É importantíssimo que os pais e a própria escola também estejam alertas ao desenvolvimento escolar, perceber se a criança tem um bom desenvolvimento cognitivo e motor, porque muitas crianças ficam com diagnóstico errôneo de alguma doença de origem neurológica, quando na verdade têm uma parte de visão. Se a criança não tem nenhum grande diagnóstico ou ametropia detectada no primeiro ano de vida, é importante que ainda continue essa monitorização para que essa criança não chegue na adolescência com alguma doença mais permanente e que não tenha possibilidade de reversão”, alerta a médica. 

Outras causas de cegueira

Maria Fernanda alerta para outras causas de cegueira como catarata e glaucoma, que são frequentes. “A catarata é uma doença que representa um envelhecimento do olho. A gente tem uma lente no olho chamada cristalino e quando ela fica mais velha, ela deixa de ser cristalina e passa a ficar opacificada.” No entanto, é possível operar, sendo uma causa de cegueira totalmente reversível, como elucida a médica. 

Já o glaucoma é uma doença silenciosa, que acontece no nervo óptico e representa a perda de visão periférica. Maria Fernanda mais uma vez reitera para a importância de exames preventivos:  “Por ser uma doença silenciosa, muitos dos pacientes só percebem uma baixa visual quando a doença já está muito avançada, coisa que em uma avaliação de rotina a gente poderia detectar o aumento da pressão intraocular, a viabilidade do campo periférico e a própria avaliação do nervo óptico”, completa. 


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