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O professor Martin Grossmann, após rever o filme ganhador do Oscar, Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, tem algumas observações a fazer sobre o mesmo. Na opinião dele, com esse filme, a dupla de cineastas norte-americanos, Daniel Kwan e Daniel Scheinert, alcançou o pináculo da sétima arte. “Esse filme pop, lisérgico, caleidoscópico, psicodélico, como também hollywoodiano, suscita questionamentos, seja de ordem cultural como existencial…[…] o filme se faz por uma sequência de momentos fraturados, repleto de contradições e recheado por muita confusão. O sentido das coisas se faz lentamente, de forma fugaz, gerando grande inquietação. No entanto, e apesar de todas as suas armadilhas de fantasia, esse é um filme com preocupações reais.”

Mais adiante, ele diz: “A narrativa do filme pode ser de um outro mundo ou, como Massimo Canevacci vem explorando em seus mais recentes textos, no interior do pluricentrismo da metrópole contemporânea, que é comunicacional, na qual prevalece a flexibilidade e as mutações, características da cultura digital, quiçá de uma nova natureza. Essa transformação contínua está relacionada à dimensão da ubiquidade – o estar simultaneamente em vários lugares -, que complexifica a percepção do espaço-tempo. O sujeito que transita simultaneamente na rede e na metrópole comunicacional pode, no mesmo espaço-tempo, se comunicar com pessoas de contextos totalmente diferentes”.

Para o colunista, apesar de navegar na complexidade, o filme aborda problemas básicos, que são inconfundivelmente humanos. “Essa tensão muito bem representada entre o mundo real e suas outras dimensões – multiverso, virtualidade, hiper-realidade, realidade aumentada – é que faz toda diferença no filme ganhador do Oscar de 2023.”

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