Hoje, o mais importante é destacar um evento que ocorrerá na ONU, em Nova York, nos dias 19 e 20 de setembro e que tem muito a ver com o que é mais conhecido como ODS, isto é, com a agenda 2030. Ela foi firmada em 2015, mas em um período em que o Brasil estava envolvido com a questão do impeachment, então no governo Dilma, que foi quem assinou a agenda. Muito pouca coisa pôde ser feita. Em seguida, houve muita pressão da sociedade civil e o governo Temer até adiantou algumas coisas. Mas, evidentemente, na sequência houve um quadriênio em que, ao contrário, inventaram uma agenda anti ODS, anti 2030.
A grande expectativa era de que, com a vitória do Lula em seu terceiro governo, houvesse uma reversão, em que a agenda 2030 passasse a ter uma importância de que ela não pode deixar de ter, num país como nosso, que foi pioneiro, porque o IBGE foi uma organização importantíssima para a própria concepção dos ODS para organização das metas e assim por diante. É impossível pensar que o Brasil não dê importância número um para a agenda 2030.
O balanço desses oito meses do governo Lula é ambíguo, se é que é essa palavra que deveria ser usada, porque, por exemplo, de cara o tal documento da transição nem apareceu na agenda. Nesse sentido, os ministros não foram, por exemplo, orientados a se inteirar do que era a agenda de 2030 e muito menos de dizer, o que deveria se esperar, é qual ou quais ODS serviriam de referência para o monitoramento de ação deles, de cada um dos ministérios.
Depois, passado um tempo, em abril, o Lula diz na reunião do G20 que a agenda 2030 é a bússola do Brasil. Só que foi engraçado, porque primeiro não era isso o que estava acontecendo e segundo que, logo depois, em maio, houve a instalação do tal “conselhão”, que é o principal órgão de sintonia do Estado com a sociedade civil, entendida como empresas, terceiro setor, universidades – na instalação desse órgão nem se tocou no assunto. A agenda 2030 foi uma ilustre ausente. Daí uma expectativa do que vai acontecer nessa reunião, o que o Brasil vai levar para Nova York. Este com certeza é um assunto sobre o qual eu tenho que voltar na próxima coluna, daqui a 14 dias, mas também gostaria muito de recomendar a leitura da coluna que saiu no Valor, na sexta-feira(01), que vai estar no site.
Sustentáculos
A coluna Sustentáculos, com o professor José Eli da Veiga, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção na Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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