Em tempos de ChatGPT, o jornalismo está tendo de se reinventar

Luli Radfahrer acredita que o jornalismo vai passar por uma grande transformação, abrindo espaço para os pequenos veículos de comunicação

 Publicado: 05/07/2024

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Pergunta: 0 ChatGPT vai substituir o jornal-? Luli Radfahrer resolveu investigar essa questão e perguntou a seus alunos por qual meios de comunicação recebiam notícias: jornal, televisão ou rádio? A resposta foi zero, nenhum deles recebia informações pelos meios mais convencionais, e sim por YouTube, redes sociais ou podcasts. “Eu acho que qualquer pessoa que tenha um pouquinho de formação e um pouco mais de idade, um pouco mais de idade, digo, mais de 30, não é nem muita idade, já sabe que a informação de verdade está na televisão, no rádio e no jornal. O que tem na mídia social, na internet, é complementar, no máximo; para eles, não, para eles, a informação começa ali.” O que, por si só, não significa que essa nova geração seja alienada. “A questão maior não é essa, a questão maior é que, sim, é possível gerar bolhas de conhecimento em que o sujeito só lê aquilo com o que ele concorda, por isso que se vê essa polarização toda, porque basicamente eu tenho uma visão de mundo e tudo que eu vejo de notícia concorda com a minha visão de mundo, então eu estou certo, por mais extrema que seja a minha visão.”

Por outro lado, Radfahrer acredita que o jornalismo tradicional está tendo que se reinventar: “Quando eu ouço um podcast de uma Folha de S.Paulo, por exemplo, eu estou usando um meio de comunicação convencional, da época da mídia impressa,  que está migrando para o áudio, só que não é como um programa de rádio. Um podcast não é um programa de rádio, porque eu posso ouvir daqui a quatro meses ou posso ouvir fora de ordem, então eu preciso pensar em como é esse programa, e muita coisa ainda está começando a mudar”, constata o colunista, antes de concluir: “Uma coisa que dá para dizer com certeza é que aquela ideia do jornal como um lugar com muita sucursais, em que você sonhava ir para lá para trabalhar não vai existir mais, isso vai ser pulverizado […] a gente vai ter um monte de pequenos veículos de comunicação, e isso é um ponto bom, porque, na verdade, como eles são todos muito pequenos, eles vão ser como aqueles pequenos comércios de bairro, que a tradição já não te garante. Então você é obrigado a se reinventar e a provar o seu valor o tempo todo. E isso pode ser muito bom”.


Datacracia
A coluna Datacracia, com o professor Luli Radfahrer, vai ao ar quinzenalmente, sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP Jornal da USP e TV USP.

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