Descarte de cosméticos requer atenção para evitar danos ao meio ambiente

Segundo Michelli Dario, caso tais produtos entrem em contato com o meio ambiente, podem contaminar a água de rios e os solos

 26/10/2022 - Publicado há 2 anos
Por

 

A conscientização a respeito do descarte de cosméticos é necessária, tanto no âmbito consumista quanto no de sustentabilidade – Foto: Reprodução/Pixabay
Logo da Rádio USP

O descarte de lixo comum é um assunto recorrente no cotidiano. Com muitos influencers digitais no ramo da maquiagem, skin care e cuidados com a aparência, o descarte de cosméticos também precisa ser abordado. “Caso esses produtos entrem em contato com o meio ambiente, obviamente, eles vão contaminar a água de rios, os solos”, analisa Michelli Dario, doutora em Ciências pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Assim, o descarte de cosméticos deve ser feito da maneira correta, aquela que tem o menor impacto no meio ambiente.

Descarte

Michelli Ferrera Dario – Foto: Reprodução/Fapesp

“O resíduo doméstico vai tratar, principalmente, de cosméticos vencidos. A maneira de descarte vai depender da composição dessa formulação e também da forma cosmética, ou seja, da consistência dela”, explica Michelli.

Ela pontua que, para as formulações líquidas, como shampoos, deve-se descartá-las na pia ou no vaso sanitário para que atinjam a rede de esgoto. Esmaltes e removedores devem ser levados a postos de coleta por serem agressivos demais para o meio ambiente. As oleosas também precisam ser descartadas em lugares específicos. Os produtos semi-sólidos, como condicionadores, cremes e pastas, podem ser colocados no lixo comum para irem aos aterros sanitários.

É importante estar atento à forma de descarte específico de cada cosmético, pois escolher a errada pode causar grandes danos ao meio ambiente: “Muitos cosméticos têm como conservantes os parabenos, que são conjuntos de moléculas muito eficientes na ação conservante. Quando essas moléculas entram em contato, principalmente, com a água, os animais acabam absorvendo essas moléculas e elas acabam entrando na cadeia alimentar. Na verdade, é uma cascata, a gente interfere no ambiente e elas, de alguma maneira, entram em contato de novo com o nosso organismo”, comenta Michelli.

Produtos

Grande parte dos cosméticos descartados está vencida. Para atribuir uma validade ao produto, ele passa por diversas etapas, dentre elas o teste de estabilidade e o de prateleira. Michelli explica como funcionam esses testes: “No teste de estabilidade a gente expõe aquele produto-teste a condições extremas de temperatura, de umidade. Por meio de cálculos estatísticos, a gente consegue prever o prazo de validade. Para confirmar a validade, a gente faz o teste de prateleira, que é quando se expõe o produto, já dentro da embalagem à venda, a condições reais de temperatura e de umidade”. Dessa forma, os desenvolvedores buscam observar se, nesse tempo, o produto mantém cor, odor e características específicas da formulação.

Brasil

A conscientização a respeito do descarte de cosméticos é necessária, tanto no âmbito consumista quanto no de sustentabilidade. Para Michelli, ainda há um longo caminho a ser percorrido pelas empresas e pela população brasileira nesse âmbito: “Eu acho que falta desde uma conscientização da população da importância do descarte correto, acesso a esse conhecimento e também faltam postos de coleta. Então, acho que falta dos dois lados: falta um pouco de uma certa inserção das empresas e também um conhecimento da população da importância disso”.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.