Na coluna desta semana, o professor Luciano Nakabashi comenta sobre a criminalidade no Brasil e como ela pode estar associada à saída de pesquisadores do País. Ele fala sobre como os crimes cresceram e estão presentes no nosso dia a dia, assim como em outros países da América Latina. “E não necessariamente tem a ver com o país ter renda baixa ou renda média, temos países que são bem mais pobres e que têm taxas menores de criminalidade”, considera. Embora a criminalidade esteja associada a homicídios – todos os países têm dados para um comparativo -, outros tipos de crime têm uma taxa muito elevada: roubo, furto, roubo e furto de veículos, crimes contra o patrimônio de uma forma geral, latrocínio, entre outros. “Então, é alto de uma forma geral e não é exclusividade do Brasil. A América Latina é uma região muito violenta”, avalia. O colunista associa essa violência a questões históricas, “onde as leis são relativamente fracas e há um histórico muito grande de desigualdade de renda e pobreza.
Os efeitos da criminalidade na economia potencialmente são vários. O professor considera que pessoas muito qualificadas acabam saindo do Brasil justamente porque querem fugir da violência e da criminalidade. “Não é nem porque a pessoa quer morar em outro país, mas ela acaba indo para um país mais seguro, geralmente um país desenvolvido, onde ela trabalha, ela consegue um trabalho com mais facilidade porque ela é qualificada e acaba indo muito por essa questão. Tem muita gente que gostaria de ficar no Brasil, mas que, por um lado, não tem tantas oportunidades e, por outro lado, acaba tendo esses problemas de criminalidade, uma certa desorganização que acaba afetando a qualidade de vida”, conta.
Essa chamada “fuga de cérebros” é muito frequente e é quase comum ter conhecidos morando no exterior. “Esse fluxo ele tem sido relativamente alto e acaba sendo ruim, porque são pessoas capacitadas que poderiam estar trabalhando no Brasil e ajudando o progresso. Além disso, a violência afasta o turista. “Cidade como o Rio de Janeiro, que ainda atrai bastante, mas que teria muito mais turistas se fosse segura e fosse percebida como segura” avalia. “São dois exemplos – claro que tem vários outros – onde a criminalidade afeta a economia, mas são dois exemplos que afetam o fluxo de pessoas e acabam sendo prejudiciais para a economia brasileira.” Por isso, defende que acabar com a criminalidade é um dos elementos primordiais de política pública, mas “políticas de longo prazo, onde a redução da pobreza e da desigualdade de renda são essenciais para melhorar esse cenário no Brasil”.
Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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