Como garantir para as futuras gerações uma qualidade de vida comparável à atual

Esse desafio, segundo José Eli da Veiga, está muito atrelado à ideia de transição energética e sua relação com sustentabilidade e desenvolvimento sustentável

 15/08/2024 - Publicado há 3 meses

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José Eli da Veiga abre sua coluna de hoje (15) lembrando que a sustentabilidade, da mesma forma que o ideal do desenvolvimento sustentável, depende principalmente do que vem sendo chamado de transição energética, cujo conceito é o de que a ideia do progresso das renováveis significará o recuo das fósseis. “O problema é que essa ideia precisa ser entendida de uma outra forma, porque cada vez mais fica claro, mas também outras mudanças, como, por exemplo, quando se passou do carvão para o petróleo, não foram desse tipo, não? Não foi que uma energia nova toma o lugar das anteriores, ao contrário, quase todas estão por aí. Existe ainda hoje, por exemplo, um consumo de madeira que é muito maior do que se imagina e o carvão, que é uma das fósseis que já deveriam ter sido, a princípio, abandonadas, está aumentando também, isso não significa que nós vamos deixar de falar em transição energética, mas é preciso que a gente entenda bem do que se trata.”

O colunista entende que a importância de levantar essa questão, quando se fala em sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, é que “nós estamos lidando com o principal dilema moral da nossa época, que é saber se vai ser possível garantir, ou pelo menos permitir, que as futuras gerações tenham uma qualidade de vida pelo menos comparável com a atual. Está havendo também recuo da biodiversidade, o problema da água é seríssimo, a questão dos oceanos mais ainda. Talvez até mais importante, as desigualdades sociais aumentaram muito nesse período chamado da grande aceleração, o período que corresponde mais ou menos aos últimos 80 anos, em que o crescimento econômico global deu uma acelerada tremenda e que, aliás, é fundamento da ideia de Antropoceno, que está sendo contestada pelo plano geológico, mas que continua aí. A gente sabe que certamente começou há uns 80 anos, uma época que só em princípio terminaria se essa aceleração terminasse. E no foco disso está justamente a questão da temperatura, e até os cenários, os mais otimistas que eu já encontrei, acabam considerando a temperatura, como eles chamam, a temperatura de a exceção catastrófica”.


Sustentáculos
A coluna Sustentáculos, com o professor José Eli da Veiga, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção na Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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