Recentemente, foi possível observar o crescimento do debate sobre o bem-estar animal em conjunto com uma preocupação do consumidor acerca do tratamento recebido por esses animais entre o nascimento e o abate. Nesse cenário, um termo conhecido como “abate humanitário” se tornou mais comum entre os interessados na área e passou a ser avaliado como o procedimento necessário para garantir a saúde animal.
Karina Ishida, coordenadora da área de Sistemas Alimentares da Organização Proteção Animal Mundial, explica que a maior parte dos produtos de origem animal tem origem na pecuária industrial, processo que tenta maximizar a produção de carne, leite e ovos. “Esse sistema negligencia parâmetros e práticas que garantem requisitos mínimos de bem-estar animal e sem considerar os princípios da saúde única”, avalia a especialista.
Tratamento
Avaliando a condição em que esses animais vivem, é possível observar que a maior parte deles encontra-se em sistema de confinamento marcado pela precariedade e pela superlotação. Assim, a maior parte deles não consegue se movimentar, não tem acesso à luz natural e não tem contato com pastagens.
Além disso, para aumentar a velocidade com que o processo de abate é feito, a maior parte dos animais consome alimentos com promotores de crescimento que não correspondem às necessidades nutricionais desses animais. Segundo Karina, o bem-estar animal apresenta cinco componentes principais: saúde física, liberdade para expressar comportamento natural, ambiente adequado, ausência de estresse e sofrimento e manejo ético.
“Ou seja, o bem-estar não significa apenas que o animal está com boa saúde. É fundamental levarmos em consideração que os animais são seres sencientes, ou seja, eles têm a capacidade de sentir”, destaca a pesquisadora. Por esse motivo, a avaliação de seus estados e emoções deve ser feita para garantir a qualidade de vida desses seres.
Mudança
Atualmente, uma das principais causas da Proteção Animal Mundial é a mudança desse cenário para criar um mercado justo para os animais e sem preços abusivos para os consumidores. Para essa transformação, Karina debate que é necessário que os humanos passem a ter uma dieta majoritariamente à base de plantas. “É necessário apoiar esforços para ampliar a produção e o consumo de fontes diversificadas de proteínas, como a fonte vegetal, que tem eficiência produtiva maior que as provenientes dos animais.”
Para que isso seja mercadologicamente possível, também seria importante um fornecimento de apoio à transição dos agricultores que não desejam seguir na área do sistema industrial intensivo. Em conjunto a isso, aumentar o apoio à agricultura e pecuária familiar tornaram essa transição mais dinâmica e justa.
*Estagiária sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo
Boletim Alimentação e Sustentabilidade
Parceria: Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis, Rádio USP e Jornal da USP
Produção: Professor Ricardo Abramovay, Estela Sanseverino e Nadine Marques
Coprodução: Cinderela Caldeira, J. Perossi e Felipe Bueno
Edição: Rádio USP
Você pode sintonizar a Rádio USP SP 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz, pela internet em www.jornal.usp.br ou nos principais agregadores de podcast como Spotify, iTunes e Deezer.
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