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A sensação de bem-estar e saúde tem muito a ver com as características do meio urbano no qual vivemos, diz Paulo Saldiva, não sem observar, porém, que não é responsabilidade da saúde resolver aspectos relativos à organização e funcionalidade das cidades.

Isso, na verdade, fica por conta do Plano Diretor da cidade, recentemente aprovado pela Câmara Municipal. Seu objetivo é justamente solucionar os conflitos existentes e o jogo de interesse entre os setores público e privado. No entanto, de acordo com Saldiva, não é o que historicamente tem acontecido e também não aconteceu com o presente Plano Diretor de São Paulo. “Nós continuamos na mesma pegada que se inicia em 77, no primeiro Plano Diretor elaborado pela Câmara Municipal, que vem se acentuando com o predomínio do uso do solo como mercadoria, ou seja, o solo é uma mercadoria de alto valor.”

Para o colunista, seria interessante, de alguma forma, orientar esses investimentos do mercado imobiliário para recompor as partes degradadas da cidade. “Isso não é tarefa fácil para o Legislativo, mas, da forma que está, a gente oferece poucas alternativas de utilizar o recurso auferido pela venda desses imóveis em benefício de outras partes da cidade. Se não acontecer uma mudança nesse sentido […]se a gente não preservar o patrimônio histórico, se a gente não permitir que a cidade tenha espaços de convívio e não sejam somente obstáculos ou vias de passagem, nós vamos ter problemas, principalmente no cenário de um envelhecimento da população, que vai ter pouca capacidade de fazer grandes deslocamentos”, adverte ele. “Acho que é o tempo de a gente pensar no futuro e sonhar, como todos nós sonhamos, com São Paulo e todas as capitais brasileiras como pontos de engrandecimento de espírito e não de submissão do indivíduo.”

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