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O professor Glauco Arbix lamenta uma decisão recente da Suprema Corte dos Estados Unidos, segundo a qual ações afirmativas no ensino superior, que contenham itens relacionados a raças, são inconstitucionais. Nesse caso, prevaleceu argumentos de grupos conservadores da extrema-direita norte-americana, que questionaram a Universidade de Harvard e a Universidade da Carolina do Norte por suposta discriminação de estudantes brancos e asiáticos. Para o colunista, o posicionamento da  instância máxima do Judiciário americano altera posições de décadas e atinge em cheio movimentos da sociedade civil que lutam contra a discriminação racial e as condições desiguais enfrentadas especialmente por negros, mulheres e minorias em todo o território americano.

“Ao constranger as políticas de inclusão de instituições públicas e privadas, a decisão da Corte certamente vai impactar todo o sistema de ensino superior norte-americano, que desenvolve há anos um forte movimento de inclusão e diversificação de seus alunos. Diante das restrições da Suprema Corte, várias universidades já anunciaram sua disposição de encontrar novos caminhos para aumentar a diversidade de seus alunos.” Arbix observa ainda que o posicionamento da Suprema Corte extrapola os limites da Universidade e da vida acadêmica, “a começar pela pressão que já começou a exercer sobre empresas que desenvolvem programas para aumentar a diversidade de seus funcionários […] os impactos negativos serão sentidos na capacidade de inovação das empresas, que precisam ampliar a diversidade para melhor conceber e desenvolver os seus produtos e os seus serviços”, lamenta o professor.

Ao fechar os olhos para a segregação racial, a Suprema Corte cria o temor de que a mordaça da nova legislação restrinja a formação de profissionais qualificados e diversificados a serem contratados pelas empresas. “Esse temor nasce especialmente nas empresas competitivas, que buscam profissionais com consciência racial e que recrutam em um grupo seleto de instituições de excelência. Sua preocupação torna-se ainda mais justificada diante da possibilidade real de que as empresas sejam acionadas judicialmente com base na mesma decisão da Corte”, salienta Arbix. “Como nas universidades, as empresas terão de encontrar novos caminhos para a diversidade. É a única maneira de contribuir para uma sociedade mais justa, com oportunidades para todos, como a USP fez, como várias universidades brasileiras estão fazendo, e eu espero que a trágica decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos não seja seguida por nenhum outro país, a começar pelo Brasil.”

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