As águas residuárias da indústria pesqueira foram testadas na irrigação de alface e mostraram que se trata de uma alternativa viável. De acordo com o engenheiro agrônomo Felipe Morais Del Lama, seria uma alternativa ao descarte do líquido de processamento de pescados (principalmente na etapa de higienização) diretamente no meio ambiente, o que causaria contaminação do solo, lençol freático e danos à saúde humana.
Nos testes, depois de crescidas, as hortaliças mantiveram boa qualidade para consumo humano. De acordo com o pesquisador, a agricultura e a indústria são os setores que mais consomem recursos hídricos no planeta. As indústrias de alimentos, que precisam garantir a qualidade sanitária de seus produtos, são vorazes na demanda de água. Em entrepostos de tilápia – onde foram feitos os estudos -, por exemplo, para cada quilo de peixe processado, são utilizados 15 litros de água, em média. Nesse processo, apenas as etapas de higienização respondem por aproximadamente 40% do consumo, explica Del Lama.
Diante dessa perspectiva, o engenheiro pensou em soluções que pudessem dar utilidade a esses fluidos líquidos gerados no final do processamento.
Os testes foram feitos com base nas concentrações de resíduos – considerando os limites máximos de duas bactérias patogênicas (coliformes e salmonela) permitidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – a fim de verificar qual seria o nível mais recomendado para irrigação das sementes e das mudas. Os ensaios foram realizados com água ultrapura (tratamento controle), com efluentes bruto e tratado em diversas concentrações (25%, 50%, 75% e 100%). O efluente bruto foi coletado diretamente das etapas de produção industrial; o efluente tratado, por sua vez, teve sua origem em uma estação de tratamento pertencente à própria indústria.
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