Brasil precisa mostrar que está cumprindo suas obrigações na questão ambiental

Jacques Marcovitch participou do terceiro dias de debates do USP Pensa Brasil, que teve por tema “Bioeconomia e Sustentabilidade”

 14/08/2024 - Publicado há 3 meses
A imagem em fundo verde mostra quatro colunas de moedas encimadas por mudas de plantas, além de um pote também cheio de moedas, igualmente encimado por muda de planta
O tema da bioeconomia está diretamente relacionado a duas questões centrais que vêm impactando a economia do Brasil: as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade – Fotomontagem Jornal da USP feita com imagens de geralt/Pixabay e nattanan23/Pixabay
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No terceiro dia de debates do USP Pensa Brasil 2024 o tema foi Bioeconomia e Sustentabilidade. O professor Jacques Marcovitch, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA), ex-diretor do Instituto de Estudos Avançados, ex-reitor da USP, e um dos debatedores do terceiro dia do evento, fala mais sobre a importância do encontro e de seu conteúdo para a sociedade brasileira e para o mundo.

O professor comenta a respeito da relevância da participação da Universidade nos diálogos sobre o tema. “Desde a Rio 92 a Universidade está engajada nos temas ambientais e de sustentabilidade. Na preparação da COP de Paris, a USP foi a sede de várias consultas à sociedade. Em 2015, o Brasil assumiu compromissos que incluem métricas no setor de geração de energia e no setor de uso da terra, que abrange a recuperação de áreas degradadas. Então, dez anos depois, nós temos a obrigação agora de lembrar dessas metas. Entender as metas que não foram alcançadas, entender porque não conseguimos e quais são as ações prioritárias para os dias atuais, isso tudo faz necessária uma articulação de vários setores da sociedade. Ciência, universidade, academia, governo e outros agentes sociais, e a USP é o espaço para que isso aconteça”, explica.

Clima e biodiversidade

Jacques Marcovitch – Foto: Pbelasco – Own work – Wikimedia Commons – CC0 1.0

O tema da bioeconomia está diretamente relacionado a duas questões centrais que vêm impactando a economia do Brasil: as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade. O especialista afirma que o País tem condições de contornar as duas situações. “Podemos lidar bem com a situação, temos todos os instrumentos. Contudo, isso significa ter uma ação coordenada no tema da bioeconomia. Esse tema procura melhorar a qualidade de vida de quem habita as terras em questão e, ao mesmo tempo, assegurar a conservação da natureza. Isso implica que é necessário entender a dinâmica das cadeias de valor desenvolvidas na região e entender com esses povos técnicas que auxiliam na restauração das áreas perdidas.”

“Para além disso, teremos de enfrentar também um problema de relevância alta. O crime organizado que está instalado na contaminação das águas da Amazônia. O crime organizado está desestruturando diversas iniciativas que foram feitas pelo governo e pela sociedade brasileira. Isso gera a necessidade de se tomar medidas contundentes na questão da segurança pública. Também é preciso erradicar a utilização do mercúrio nos garimpos, amplamente utilizado na prática do garimpo, principalmente os ilegais, que hoje se estendem por toda a região amazônica”, segue.

O cenário atual, de acordo com os dados do IPCC, é preocupante e exige novas projeções. “A ciência aponta que a evolução da crise climática foi muito acelerada. Nessa conjuntura, o Brasil precisa demonstrar para a sociedade e para os parceiros internacionais que está cumprindo suas obrigações na questão ambiental, revelando assim seu compromisso com a situação. Só assim poderá presidir o evento com autoridade e cobrar efetivamente a comunidade internacional a cumprir também suas metas”, finaliza.


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