Autenticidade surge para combater plasticidade artificial dos pontos turísticos

Alexandre Panosso Netto explica o que faz cada viagem ser uma experiência única

 09/08/2024 - Publicado há 5 meses
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A imagem mostra apenas a mão de uma pessoa segurando uma xicara de café sobre um mapa exposto em uma mesa de madeira. Sobre o mapa ainda estão colocadas uma câmera fotográfica simples e uma máscara descartável. Ainda sobre a mesa estão dispostas uma caderneta de anotações roxa e uma caneta esferográfica prateada..
Panosso  diz que “é importante escolher atividades que mostrem o lado autêntico do destino, como práticas antigas, arquitetura histórica ou artesanato local” – Foto: Freepik
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Na década de 1960, o turismo crescia cada vez mais ao redor do globo e os destinos turísticos passaram a se adaptar cada vez mais para satisfazer às necessidades dos turistas. Pesquisadores do mundo inteiro, preocupados com o fato de que essa adaptação poderia deixar todos os destinos parecidos entre si, puseram-se então a estudar a chamada autenticidade turística.

A autenticidade no contexto do turismo refere-se à busca por experiências genuínas e significativas ao visitar destinos e culturas diferentes. Isso envolve procurar momentos e interações que reflitam a verdadeira identidade de um lugar, sua história, tradições e estilo de vida, em vez de apenas seguir estereótipos ou oferecer experiências artificiais criadas para atrair turistas. Alexandre Panosso Netto, professor de Turismo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, explica que as definições estudadas para o termo são divididas em três.

Alexandre Panosso Netto – Foto: Lattes

Características originais

“Há o grupo de estudiosos que acredita que a autenticidade de um destino reside na preservação de suas características originais, o que pode incluir a manutenção de práticas tradicionais, arquitetura histórica ou artesanato local”, explica o professor. 

Nesse contexto, a autenticidade surge aliada à preservação do meio ambiente e do modo de vida das comunidades autóctones, como no exemplo de uma vila nas montanhas com ar puro, água fresca e construções antigas que preservam a história.

Originalidade mesmo moderna

Outros grupos de pesquisadores entendem que experiências turísticas podem ser autênticas mesmo que tenham sido reinventadas ao longo do tempo. Por exemplo, numa cidade em que as construções modernas residem junto de prédios históricos, a maneira em que a paisagem se mistura e a experiência que ela traz podem também ser únicas.

“Eles reconhecem que as experiências podem ser autênticas, mesmo quando são reinventadas ao longo do tempo, desde que sejam significativas e genuínas para as pessoas envolvidas. A autenticidade não reside apenas em preservar o passado, mas sim em se reinventar constantemente, refletindo as diversas influências e narrativas que moldam a identidade do lugar”, afirma Panosso.

Olhar introspectivo

Um terceiro grupo de pesquisadores acredita que a autenticidade não está estampada apenas no valor histórico ou narrativo dos pontos visitados, mas também na capacidade do local de dar ao turista novos valores, novas perspectivas e olhar o mundo ao redor de uma maneira diferente. Segundo essa visão, a autenticidade está menos relacionada com a construção do local e mais com a experiência que ele transmite ao visitante.

“Por exemplo, se estamos numa praia tranquila ao pôr do sol, cada onda pode trazer consigo lembranças de outros lugares e tempos. Nesse caso, a autenticidade reside em nossas próprias emoções, na maneira como a viagem nos transforma e nos conecta com nossa essência e história.”

“Experimentar a autenticidade de um lugar durante uma viagem vai muito além de visitar apenas os pontos turísticos famosos. Isso significa explorar áreas menos conhecidas e se envolver com a comunidade local, participando de eventos culturais ou atividades tradicionais. Vale a pena se conectar emocionalmente com o lugar”, completa o professor Alexandre Panosso Netto.


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