As qualidades mais valorizadas nos cientistas são o tema da coluna do físico Paulo Nussenzveig. “Nas últimas colunas, tratamos do tema da avaliação de cientistas. Mencionei os riscos do uso indiscriminado de indicadores cientométricos mas também citei os riscos de critérios puramente subjetivos. Na semana passada, tive de me debruçar novamente sobre um código de ética para uma sociedade científica”, conta. “Como o tema não sai do meu cotidiano, vou submetê-los a considerações daquilo que eu admiro em cientistas. Já disse algumas vezes neste espaço que a atividade científica é, ao mesmo tempo, extremamente racional e altamente passional.”
“A primeira característica que julgo crucial é honestidade. Honestidade científica é pleonasmo. Não é possível buscar a compreensão da natureza sem uma postura de absoluta abertura, de procurar evitar qualquer viés que possa prejudicar a integridade de um resultado científico”, aponta o físico. “Cientistas precisam trabalhar com rigor: todas as observações, dados, hipóteses, cálculos, procedimentos, devem ser meticulosamente registrados e abertos ao escrutínio de qualquer pessoa interessada.”
“Somos todos sujeitos a diversos vieses pois nossa percepção da natureza através de nossos sentidos e de nossos mecanismos cognitivos está sujeita a grandes subjetividades”, destaca Nussenzveig. “Como disse Feynman, ‘a primeira pessoa que você deve evitar enganar é você mesma e você é a pessoa mais fácil de você enganar’.”
Ciência e Cientistas
A coluna Ciência e Cientistas, com o professor Paulo Nussenzveig, no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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