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Martin Grossmann comenta os resultados da sexta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada a cada cinco anos, desde 2001, pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Ipec e a Fundação Itaú. “A pesquisa traz alguns resultados que merecem nossa atenção. Evidencia que, de 2019 a 2024, o Brasil perdeu 6,7 milhões de leitores, queda essa que aparece em todas as classes, faixas etárias e escolaridade. Cabe lembrar que, durante a pandemia, o mercado livreiro nacional cresceu em torno de 7,6 % no número de exemplares vendidos, resultado positivo que perdurou até 2022. No entanto, o ano de 2023 se mostrou difícil ao apresentar uma queda de 13,41% no volume de livros vendidos.” Grossmann destaca que, em 2024, pela primeira vez em seis edições, o número de não leitores superou o de leitores: 53% da população brasileira não leu um livro ou parte de livro nos últimos três meses. “A brasileira, ou o brasileiro, lê em média 3,96 livros por ano, índice menor do que o registrado em 2019, quando cada indivíduo lia 4,95 livros por ano. Um livro a menos desde 2019”, informa ele.

Na sequência de seu comentário, Grossmann indaga a respeito de quais seriam os motivos dessa redução, remetendo mais uma vez à pesquisa, que aponta que 46% dos entrevistados alegam falta de tempo, mas, por outro lado, gastam 71% de seu tempo livre em aplicativos de comunicação no celular ou navegando nas redes sociais. “Socialmente, mais e mais, noto que os jovens pais buscam certo sossego, ao oferecer aos seus filhos seus celulares ou até mesmo tablets com jogos. Antes eram livros que cumpriam esse papel, e o mais interessante desse objeto denominado livro é o fato de que sua funcionalidade motiva a interação entre gerações.”

Para finalizar seu comentário, Grossmann compartilha seu entusiasmo com um  registro, disponibilizado no YouTube, de uma performance da artista multimídia de vanguarda, a norte-americana Laurie Anderson, na Igreja Saint Thomas, na cidade de Nova York, em maio de 2023. “Nessa sua performance, Laurie Anderson contou com a participação de músicos do conjunto instrumental The Knights e do Coral Jovem do Brooklyn. O espetáculo foi parte integrante da programação de um festival que homenageou o aniversário de 160 anos do nascimento do poeta grego, alexandrino, Konstantinos Kavafis (1863-1933). A artista, de 77 anos, que transita de modo singular e plural pela música, pela literatura, pela imagem em movimento, pela performance, nessa sua apresentação atualiza o magistral poema de Kavafis, À Espera dos Bárbaros; é algo impressionante, recomendo fortemente! Assim como meu colega de rádio, Guilherme Wisnik, indago se ainda estamos à espera ou se já convivemos com os bárbaros…

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