A ascensão da extrema-direita na Europa é o tema desta coluna da professora Marília Fiorillo, cujo comentário tem como foco a vitória do FPÖ (Partido da Liberdade) na Áustria, o que, para ela, não constitui nenhuma surpresa. “A mão que balança o berço na pátria de Adolf Hitler voltou a ninar outro monstro. A vitória da FPÖ, Partido da Liberdade, da extrema, extremíssima-direita austríaca, não chegou a surpreender, embora tenha sido mais um baque para a democracia europeia”, argumenta a colunista, antes de prosseguir: “A FPÖ se orgulha de ser uma fraternidade neonazista, profundamente enraizada naquela tradição que produziu Mein Kampf, o libelo do fracassado pintor e emérito genocida, Adolf”. O Partido da Liberdade ganhou as eleições parlamentares, no domingo (29), por pequena margem, do OVP (Partido Popular Austríaco), conservador, mas precisará formar coalizões para governar confortavelmente. E o líder do partido, o “desejoso” chanceler, Herbert Kickl, já anunciou algumas medidas de seu programa. “A primeira delas será desencorajar e dificultar a vacinação contra a covid, que ele descreve como um experimento de engenharia genética, embora haja rumores de que se vacinou em segredo”, diz a colunista. “Talvez Kickl tenha se inspirado no líder-marionete da Bielorrússia, que recomendava vodka e sauna contra o vírus. Não por acaso, Kickl é admirador de Vladimir Putin. E de Hitler: na véspera das eleições, seus candidatos foram flagrados cantando o hino da SS.”
Em relação à imigração, Kickl promete deportar rápido imigrantes que ainda não conseguiram o estatuto de asilo e impedir que a obtenção de asilo possa evoluir para uma eventual cidadania. “Kickl rejeita a União Europeia, opõe-se às sanções contra a Rússia e condena a ajuda militar à Ucrania. A FPÖ, que nasceu como uma excrescência nazista nos anos 50, agora vive sua idade de ouro. Em 2017, nas eleições parlamentares, quase chegou lá, não fosse a divulgação, filmada, de um escândalo de propinas em contratos com empresários russos. O sucesso de Kickl e seu partido não é solitário. Faz parte da sinfonia macabra em que o primeiro-violino é Viktor Orbán, da Hungria, seguido da AFD (Alternative fur Deutschland), que quase levou as eleições na Alemanha, agora recentemente, ao lado de Geert Wilders, da Holanda, outro partido que se intitula da liberdade, pobre palavra, de Meloni, na Itália, e Le Pen, na França. ‘Uma nova era se anuncia’, gabou-se Kickl. Bruxelas e a Comunidade Europeia agonizam. O alerta está dado. Mas tudo anda tão imprevisível que qualquer prognóstico, no momento, seria temerário.”
Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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