
Os atos de vandalismo praticados por um grupo de apoiadores extremistas do ex-presidente Jair Bolsonaro, ocorridos no segundo domingo do ano (8), não só causaram uma disrupção na ordem e no respeito ao que é público, mas também podem ocasionar prejuízos na elaboração de políticas públicas.
No Sociedade em Foco de hoje (17), o doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP José Luiz Portella avalia que os atos, ao tomarem a agenda do governo, fazem com que a elaboração de políticas públicas fiquem em segundo plano.
“Além das providências e das investigações, você tem uma tomada na agenda por parte dessa discussão. Então, os outros Ministérios [sem ser o da Defesa] começam a ir atrás de coisas que tenham ligação com esses atos”, explica Portella. A falta de planejamento dos Ministérios e as manifestações iniciais dos ministros que geraram ruídos, assim como medidas anunciadas – como o pacote econômico de Haddad – são alguns outros fatores que atrapalham a formulação plena de políticas públicas.
O professor também destaca que o governo, por não possuir um plano concreto de medidas e apenas apresentar ideias gerais, complica a elaboração dessas políticas. A tudo isso se somaram as manifestações, que estão trazendo afastamento das prioridades das ações.
À medida em que novas revelações sobre os atos do dia 8 vierem a público e as investigações prosseguirem, novas mobilizações do governo e seus Ministérios irão acontecer. “Isso vai dando ramificações, você perde o foco principal, que são as políticas públicas”, lembra Portella.
Por fim, destaca que “nós precisamos ter um plano de metas semelhante ao que o governo Juscelino Kubitschek fez”.
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