O podcast Saúde Sem Complicações desta semana recebe Maria Célia Cervi, professora do Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (FMRP). Coordenadora do Serviço de Infectologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da FMRP, a professora fala sobre a bacteremia oculta, um quadro que se refere à presença de bactérias patogênicas no organismo de recém-nascidos.
O que é bacteremia oculta?
Segundo Maria Célia, a bacteremia oculta “não se define exatamente como uma doença, mas com alguns sinais e sintomas que a criança, em geral recém-nascidos, apresentam”. Se configura com a presença de bactérias no organismo da criança, que apresenta febre sem que o foco da infecção seja identificado.
A bacteremia oculta é predominante em recém-nascidos pelo sistema imunológico ainda estar incompleto e facilitar a presença de bactérias ruins. É necessário “um sistema de imunidade para manter o equilíbrio entre as bactérias que protegem e as patogênicas”, adianta a professora.
Riscos da bacteremia oculta
Em casos de demora no início do tratamento, o risco está na possibilidade de uma infecção generalizada. “Se houver um processo inflamatório muito exagerado, naquele momento em que a bactéria ainda está replicando no sangue, ela pode dar o chamado “choque”, informa Maria Célia. A inflamação provoca dilatação dos vasos sanguíneos, “causando queda na circulação e diminuindo o fluxo cerebral para os órgãos, podendo causar, em casos extremos, a falência múltipla dos órgãos da criança”, conta a professora.
Diagnóstico e tratamento da bacteremia oculta
O diagnóstico da bacteremia oculta começa através da febre e é confirmado exclusivamente através do exame de sangue, o que para a professora é uma dificuldade, já que “se a criança estiver em uma localização ruim, uma cidade longínqua, uma área rural, ela terá que ser transportada para realizar o tratamento.” Existe a possibilidade de iniciar o tratamento prévio, através de métodos empíricos e antibióticos, mas, de acordo com a professora, “o ideal é o tratamento na primeira hora, quando se trata de uma bacteremia”. O apoio de equipamentos e recursos também é essencial.
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Edição: Rita Stella
Coordenação: Rosemeire Talamone
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