
Os anti-inflamatórios são medicamentos comumente usados, em todo o mundo, para tratar desde uma leve dor de cabeça até doenças autoimunes; porém sua utilização indiscriminada pode desencadear sérios problemas de saúde, caso dos anti-inflamatórios esteroidais, como a prednisona e a dexametasona. Estes medicamentos podem ser responsáveis pela Síndrome de Cushing, como conta a acadêmica Giovanna Bingre, orientada pela professora Regina Andrade, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, nesta edição do Pílula Farmacêutica.
O que é Síndrome de Cushing?
Os anti-inflamatórios esteroidais são também conhecidos como corticoides e, conta Giovanna, mimetizam moléculas de um hormônio produzido pela glândula suprarrenal (ou adrenal), a cortisona, que tem função anti-inflamatória. E o uso prolongado e em grandes quantidades de corticoides provoca a Síndrome de Cushing, caracterizada por aumento de gordura localizada no tronco e região superior das costas; perda de massa muscular nas pernas, queda de cabelo e a clássica face redonda com as bochechas vermelhas, vulgarmente chamada de face de lua.
A acadêmica informa que os portadores da doença apresentam ainda pressão alta, insônia, osteoporose, ansiedade e irritabilidade. Mas, se não for corretamente tratada, o desequilíbrio hormonal pode levar ao mau funcionamento dos rins e, posteriormente, à falência múltipla dos órgãos.
Como tratar a Síndrome de Cushing
Segundo Giovanna, o tratamento da doença é complexo, pois não basta apenas interromper o uso do corticoide, pois pode piorar o quadro da doença de base. O ideal, garante, é que o médico oriente um “desmame aos poucos” do anti-inflamatório que está causando o problema. É que após uso prolongado, o organismo “entende que não precisa mais produzir” os hormônios responsáveis pela ação anti-inflamatória que “têm funções bem expressivas no funcionamento do nosso corpo”, diz a acadêmica.
A glândula suprarrenal “entra num quadro de insuficiência” em que o indivíduo sente cansaço, perda de peso, hipoglicemia, náuseas, diarreia e queda de pressão arterial. Nesse caso, a equipe de saúde deve “encontrar uma dose do corticoide que irá suprir a necessidade do organismo” sem causar Cushing ou outra doença, informa Giovanna.
A acadêmica alerta então para que não se a população não se automedique com prednisona, por exemplo, que é tido como um corticoide mais leve mas que pode causar Cushing em um tratamento de apenas três semanas. “É por isso que esses medicamentos precisam de receita para serem comprados”, acrescenta.
Coordenação: Rosemeire Talamone