
Medicamentos e cosméticos produzidos com extratos de plantas são cada vez mais comuns no mercado e o uso desses produtos, não raro, é alvo de questionamentos; mas, assegura a acadêmica Giovanna Bingre, que trabalha sob orientação da professora Regina Andrade, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, tanto os produtos sintéticos quanto os fitoterápicos “são rigorosamente estudados e testados antes de chegar às prateleiras das lojas” e são seguros, desde que tenham autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Nesta edição do Pílula Farmacêutica, Giovanna esclarece sobre a segurança e eficácia dos cosméticos fitoterápicos.
O que são e como funcionam os fitocosméticos?
Segundo a acadêmica Giovanna, fitocosméticos são fórmulas obtidas através de extratos de matéria-prima vegetal ou seus derivados; extratos esses usados para higiene, estética, correção ou manutenção da pele. E a ideia dos cosméticos naturais, continua, surgiu a partir da fitoterapia e dos fitocosméticos, compreendendo produtos com substâncias ativas de origem vegetal, sem a adição de sintéticos.
Os extratos fitoterápicos e fitocosméticos, adianta a acadêmica, são funcionais. Na medicina, são administrados como chás, em cápsulas, em óleos essenciais e outras formas. Como cosméticos, são usados na forma de séruns, sprays, cremes e óleos, cumprindo várias funções, do controle da oleosidade da pele até de pigmentos para fins estéticos.
Giovanna diz que a lista de fitocosméticos com bons resultados é grande e cita três deles: a rosa mosqueta, o côco e a melaleuca, com propriedades de regeneração da pele, hidratante e antioxidante e bactericida e cicatrizante, respectivamente. Todas plantas com “ativos potentes e com eficiência comprovada”.
Cosméticos naturais são seguros?
A acadêmica informa que são muitas as dificuldades para se avaliar a qualidade da matéria-prima de extratos vegetais, já que o controle de qualidade de insumos farmacêuticos precisa ser extremamente rígido. Concentração do ativo, sua estabilidade, características físico-químicas e controle biológico são fatores que dependem, no caso dos produtos naturais, de aspectos como: cultivo das plantas a céu aberto; manuseio de diversas pessoas e lugares até chegar ao local de produção do cosmético, com aumento de risco de contaminação; agrotóxicos, além da identificação do componente ativo num composto de várias substâncias do extrato.
Mas, afirma Giovanna, a quantidade de pesquisas sobre a segurança e eficácia dos fitocosméticos vem crescendo, além do interesse comercial, e o mercado já conta com muitos cosméticos naturais de uso seguro e comprovado, “assim como os cosméticos feitos a partir de substâncias sintéticas”.
Quanto às discussões entre os defensores dos cosméticos naturais e os dos sintéticos, a acadêmica apazigua, dizendo que “ambos os tipos de produtos são rigorosamente estudados e testados antes de chegar até às prateleiras” e podem até ser misturados nos tratamentos com o que há de melhor em cada um. E, ao contrário, alerta para o uso indiscriminado de chás e macerações de plantas, informando que o dermatologista e o farmacêutico cosmetólogo devem ser consultados antes da introdução de qualquer fitocosmético na rotina diária.
Coordenação: Rosemeire Talamone