
Nesta edição do Pílula Farmacêutica, a acadêmica Kimberly Fuzel, orientanda da professora Regina Andrade, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, traz informações sobre as medicações utilizadas no tratamento da esclerose múltipla. A doença é autoimune, incapacitante e atinge, principalmente, mulheres no auge da idade produtiva, entre 20 e 50 anos.
Com cerca de 3 milhões de doentes no mundo, infelizmente, a esclerose múltipla ainda não tem cura. Mas existem vários tratamentos que ajudam “a controlar as crises, os sintomas e a reduzir a progressão da doença, permitindo que os pacientes vivam com qualidade de vida”, afirma Kimberly .
Tratamentos para esclerose múltipla
Geralmente, o tratamento da esclerose múltipla envolve os corticosteroides, anti-inflamatórios que devem ser utilizados por breves períodos e servem para retardar sintomas como a perda da visão, da força ou da coordenação. Caso não sejam eficazes para reduzir a gravidade, é feita a plasmaferese, procedimento similar à hemodiálise.
Para diminuir a frequência dos surtos, também são usados medicamentos imunossupressores, que reduzem a atividade do sistema imunológico para evitar o ataque às células saudáveis. E, ainda, são usados os imunomoduladores para reduzir a inflamação e a agressão à mielina.
Atualmente, o tratamento também pode contar com a tecnologia dos anticorpos monoclonais, medicamentos usados em reumatologia e oncologia que já possuem versões especiais para a esclerose múltipla, o natalizumabe. Mas é indicado somente para casos graves, com evolução rápida e sem resultado positivo com outros medicamentos.
Por último, para casos excepcionais, ainda existe a possibilidade do transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas, procedimento em que é interrompida a atividade do sistema imunológico para poder impedir o ataque ao sistema nervoso. É usado material biológico do próprio paciente. O transplante é muito delicado e pode até levar o paciente a óbito, já que fica com o sistema imunológico muito frágil durante o procedimento.
A fisioterapia de neurorreabilitação e outras terapias complementares são também consideradas fundamentais na redução dos sintomas, da fadiga e da depressão daqueles que sofrem com a esclerose múltipla.
O que é esclerose múltipla?
Trata-se de uma reação autoimune em que o próprio organismo ataca a mielina, uma capa de gordura que cobre todas as células nervosas do corpo. O nome da doença é uma referência às cicatrizes na medula espinhal e no cérebro, resultado dos ataques aos tecidos que envolvem os nervos.
Os danos a esses tecidos tornam os impulsos nervosos mais lentos, causando perda de força, de sensibilidade, de coordenação, “dificuldade para caminhar, perda ou dificuldade visual e até mesmo dificuldade para controlar a urina”, conta a acadêmica.
Para confirmar o diagnóstico, o médico neurologista investiga detalhadamente o histórico do paciente e realiza diversos testes e exames, como o de punção lombar para análise do líquido cérebro-espinhal e ressonância magnética de imagem (detecta a desmielinização no cérebro e medula espinhal).
Coordenação: Rosemeire Talamone