Momento Tecnologia #82: Novo tratamento para endometrite sem uso de antibióticos

Prioridade da saúde animal e humana motivou desenvolvimento da patente de Lilian Gregory

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 09/05/2023 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 15/05/2023 as 8:01
Momento Tecnologia - USP
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Momento Tecnologia #82: Novo tratamento para endometrite sem uso de antibióticos
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Com apoio da Agência USP de Inovação (Auspin), um grupo de pesquisadores desenvolveu a patente Novo tratamento para endometrite sem uso de antibióticos. “O diferencial é que este produto é um biomaterial e não causa resíduos no animal, isto é, diferentemente do antibiótico, ele pode ser administrado”, explica Lilian Gregory, professora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.

A endometrite é uma inflamação causada por infecção uterina resultante da entrada de bactérias no corpo. No caso de animais ruminantes, a enfermidade causa infertilidade e afeta diretamente a produção e a reprodução animal, exigida irresponsavelmente em sistemas de criação intensivos. Segundo Lilian, os derivados, como a carne e o leite, podem ser consumidos imediatamente após a aplicação do produto no animal.

O medicamento é inócuo e abrange benefícios de propriedades absorventes, cicatrizantes, antissépticas e analgésicas. Sua composição argilosa, por exemplo, ajuda no controle de possíveis processos de infertilidade. O produto também tem liberação controlada, ou seja, o tratamento não é diário. Colocado dentro do útero, o princípio ativo do produto é liberado um pouco de cada vez, elabora a professora. 

“Se pensarmos em uma fazenda que possui mil animais criados a pasto, teremos que encontrar este animal doente todos os dias, trazer para o curral e realizar o tratamento. Este manejo é complicado e causa estresse ao animal”, conclui.

A patente teve envolvimento do Departamento de Clínica Médica da FMVZ, com Lilian e Bruno Leonardo Mendonça Ribeiro, e do Departamento de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica, com Francisco Valenzuela e Margarita Bobadilla.

Em 2018, o Parlamento Europeu aprovou uma proposta de regulação no uso de antibióticos em animais. Quatro anos depois, a União Europeia proibiu o uso indiscriminado desses medicamentos na criação animal em fazendas, em razão da contenção da proliferação de superbactérias.

Em janeiro de 2020, a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento proibiu a importação, fabricação, comercialização e o uso de aditivos de três antibióticos em todo o território nacional. Atualmente, só permite dois: bacitracina e virginiamicina.

Diante da resistência antimicrobiana, a saúde animal e humana é colocada em risco. Os tratamentos médicos nos animais são dificultados, tendo em vista que a principal finalidade é a promoção de crescimento, sobretudo em condições sanitárias inadequadas e em espaços de confinamento em alta densidade. Pelo lado dos humanos, além do elevado consumo desses animais, a transmissão de doenças no rebanho animal tende a passar para a população, a exemplo da influenza A/H1N1, conhecida como gripe suína.


Momento Tecnologia
Produção: Felipe Bueno J. Perossi
Edição de som: Felipe Bueno
Produção geral:  Cinderela Caldeira
E-mail: ouvinte@usp.br
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