
Se tem uma coisa que a pandemia de coronavírus fez repensar, foram os hábitos de higienização. E não só das mãos, mas também das compras feitas no mercado, do celular e de tantos outros objetos do nosso dia a dia em que não se percebia a facilidade de contaminação por vírus e bactérias. Embora o processo de passar álcool gel em tudo possa ser cansativo e até um pouco chato, ele é muito importante. Mas, e se as superfícies que precisamos limpar com frequência fossem feitas com uma tecnologia antimicrobiana? Isso é uma possibilidade real, que pesquisadores da Escola Politécnica da USP vêm desenvolvendo, utilizando nanopartículas de prata.
O estudo sobre a ação da prata é realizado por pesquisadores do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Tribologia e Engenharia de Superfície da USP, através do LabPlasma, o Laboratório de Tratamento de Superfície a Plasma, coordenado pelo professor André Paulo Tschiptschin. E é ele quem conta mais sobre como é possível incorporar nanopartículas em materiais como o PVC. “Todas essas tecnologias são baseadas na evaporação de álcoois, que colocamos dentro do reator para conseguimos fazer o ‘sputtering’, que é uma espécie de evaporação nos átomos desse álcool, que formam nanopartículas dentro de um plasma. O plasma é o quarto estado da matéria em que você tem um gás, entre aspas, constituído de elétrons, prótons, íons… e esse é o princípio dos reatores que a gente tem em laboratório.”
O pós-doutorando Newton Fukumasu, também responsável pela pesquisa na parte de engenharia de materiais, explica como surgiu a ideia de trabalhar com a prata e como atribuir propriedades antimicrobianas a um material: “A prata é conhecida desde a antiguidade por ter um efeito bactericida e a ideia foi: por que não usar essa prata de forma que ela fosse impregnada nesses materiais e assim torná-los com características antibacterianas? Esse projeto se divide em três rotas: usar essas nanopartículas de prata dentro do próprio material; a outra é aspergir essa nanopartícula de prata na superfície como se fosse um spray; e a terceira rota é a deposição dessas partículas de prata na superfície, usando as técnicas que o André comentou, e aí sim tornar essa superfície bioativa contra fungos, bactérias e eventualmente até vírus como o sars-cov-2”.
Momento Tecnologia
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