Momento Tecnologia #45: Dispositivo feito na USP ajuda no bombeamento do sangue, suprindo debilidades do coração

Doenças cardiovasculares fazem parte do cotidiano brasileiro, sendo responsáveis por um grande número de mortes. Índice de mortalidade, inclusive, aumentou durante pandemia, crescendo até 132% em determinadas regiões

 16/03/2021 - Publicado há 3 anos
Momento Tecnologia - USP
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Momento Tecnologia #45: Dispositivo feito na USP ajuda no bombeamento do sangue, suprindo debilidades do coração
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As doenças cardiovasculares, tais como a doença coronariana, doença arterial periférica, cardiopatia congênita, entre outras, fazem parte do cotidiano brasileiro, sendo responsáveis por um grande número de mortes. Mesmo durante a pandemia, um estudo brasileiro feito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por exemplo, mostrou que o número de mortes por doenças cardiovasculares cresceu até 132% neste momento.

E foi pensando nessas complicações que professores da Escola Politécnica (Poli) da USP, profissionais do Instituto do Coração (Incor) e do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia se uniram e desenvolveram um dispositivo capaz de ajudar o coração do paciente, mesmo quando este indivíduo estiver esperando uma cirurgia ou transplante. O Dispositivo de Assistência Ventricular (DAV) busca ajudar pacientes adultos com insuficiência cardíaca no bombeamento do sangue, suprindo ou complementando a debilitação encontrada no coração.

“O DAV, também costumeiramente chamado de coração artificial, no conceito é muito simples: é uma bomba, essas bombas de água, bomba de piscina, algo parecido com isso, junto com um motor elétrico, e aí, em vez de água, ele bombeia o sangue. Isso é razoavelmente simples de construir, mas acontece que ele vai dentro do corpo humano, e vai bombear sangue, sangue que tem células vivas e isso é o complicador”, comenta Oswaldo Horikawa, professor do Departamento de Engenharia Mecatrônica da Poli.

A proposta do projeto é criar esse dispositivo que transmite energia elétrica de fora para dentro do corpo humano sem atravessar nenhum tecido e sem agredir o corpo, ou seja, ele foi feito com materiais biocompatíveis. Trabalhando em fluxo contínuo, o aparelho faz com que o coração mantenha a circulação mínima necessária para que tudo funcione normalmente.

Se a Poli cuida da parte de construção do dispositivo, o Incor ficou responsável por dar as instruções de como ele deveria funcionar, além do acompanhamento do dispositivo. Outro objetivo importante na concepção do projeto é a tentativa de inserir o aparelho na realidade da população brasileira, já que cirurgias envolvendo implantes desse tipo são caras e realizadas normalmente na rede privada de saúde. “A gente espera fazer um dispositivo que seja a cara da realidade brasileira. Esse dispositivo já existe no exterior, vendido por empresas de alta tecnologia, com custos proibitivos. O SUS não tem condições de atender cirurgias desse tipo aqui no Brasil, porque só o dispositivo custa em torno de US$ 150 mil, acresce tudo isso à cirurgia e ela custa mais de R$ 1 milhão”, explica José Roberto Cardoso, professor da Poli.


Momento Tecnologia
Produção: Felipe Bueno J. Perossi
Edição de som: Felipe Bueno
Produção geral:  Cinderela Caldeira
E-mail: ouvinte@usp.br
Horário: Quinzenalmente, terças-feiras, às 8h35

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