
As doenças cardiovasculares, tais como a doença coronariana, doença arterial periférica, cardiopatia congênita, entre outras, fazem parte do cotidiano brasileiro, sendo responsáveis por um grande número de mortes. Mesmo durante a pandemia, um estudo brasileiro feito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por exemplo, mostrou que o número de mortes por doenças cardiovasculares cresceu até 132% neste momento.
E foi pensando nessas complicações que professores da Escola Politécnica (Poli) da USP, profissionais do Instituto do Coração (Incor) e do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia se uniram e desenvolveram um dispositivo capaz de ajudar o coração do paciente, mesmo quando este indivíduo estiver esperando uma cirurgia ou transplante. O Dispositivo de Assistência Ventricular (DAV) busca ajudar pacientes adultos com insuficiência cardíaca no bombeamento do sangue, suprindo ou complementando a debilitação encontrada no coração.
“O DAV, também costumeiramente chamado de coração artificial, no conceito é muito simples: é uma bomba, essas bombas de água, bomba de piscina, algo parecido com isso, junto com um motor elétrico, e aí, em vez de água, ele bombeia o sangue. Isso é razoavelmente simples de construir, mas acontece que ele vai dentro do corpo humano, e vai bombear sangue, sangue que tem células vivas e isso é o complicador”, comenta Oswaldo Horikawa, professor do Departamento de Engenharia Mecatrônica da Poli.
A proposta do projeto é criar esse dispositivo que transmite energia elétrica de fora para dentro do corpo humano sem atravessar nenhum tecido e sem agredir o corpo, ou seja, ele foi feito com materiais biocompatíveis. Trabalhando em fluxo contínuo, o aparelho faz com que o coração mantenha a circulação mínima necessária para que tudo funcione normalmente.
Se a Poli cuida da parte de construção do dispositivo, o Incor ficou responsável por dar as instruções de como ele deveria funcionar, além do acompanhamento do dispositivo. Outro objetivo importante na concepção do projeto é a tentativa de inserir o aparelho na realidade da população brasileira, já que cirurgias envolvendo implantes desse tipo são caras e realizadas normalmente na rede privada de saúde. “A gente espera fazer um dispositivo que seja a cara da realidade brasileira. Esse dispositivo já existe no exterior, vendido por empresas de alta tecnologia, com custos proibitivos. O SUS não tem condições de atender cirurgias desse tipo aqui no Brasil, porque só o dispositivo custa em torno de US$ 150 mil, acresce tudo isso à cirurgia e ela custa mais de R$ 1 milhão”, explica José Roberto Cardoso, professor da Poli.
Momento Tecnologia
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