A tese de doutorado de Pedro Paulo Martins Serra, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), faz um estudo comparativo do telejornalismo de Brasil e França. O ex-secretário de Planejamento, doutorando em História Econômica na USP, José Luiz Portella, lembra neste Momento Sociedade a importância do bom jornalismo, ao destacar a análise de Serra. “É a parte da sociedade que informa às pessoas como está o mundo. O olhar do jornalista é a janela que temos para o mundo”, diz.
A pesquisa, em fase de conclusão, nota uma formação para o jornalismo bem diferente entre os dois países. “Na França, a formação é mais humanística. A maior preocupação é com as interações sociais causadas pelo fazer jornalístico. No Brasil, a formação é mais técnica. O foco do ensino está na apuração, escrita, estruturação da notícia e descrição do fato”, conta Portella.
Isso, claramente, tem repercussões. “Não existe cobertura totalmente isenta. E o viés não é só ideológico, mas também da formação”, esclarece o ex-secretário. Em vista disso, o jornalismo francês é mais crítico, enquanto o brasileiro é mais analítico-descritivo. Uma mudança fundamental de discurso.
Outra diferença curiosa é a origem dos profissionais do telejornal. Aqui, os profissionais primeiro entram na televisão, depois migram para os programas jornalísticos, a exemplo de Sandra Annenberg, uma artista cênica que começou em programas infantis. Lá, os contratados são, via de regra, do ramo. Vêm do rádio ou do impresso.
Segundo Portella, a lógica fundamental do jornalismo é a audiência, ou seja, mercadológica. Com a internet, agora, a busca também é pelo like. “No Brasil, o jornalismo vai nessa linha com muito menos resistência. Na França, embora aconteça, existe uma tentativa maior de se proteger da indústria cultural, da busca desenfreada pelo clique”, argumenta.
Momento Sociedade
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