O estresse atinge 90% da população mundial e o Brasil está em segundo lugar no ranking de países com o maior número de pessoas estressadas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O estresse pode causar inúmeros problemas de saúde, entre eles envelhecer o cérebro e causar doenças cardiovasculares. Mas, o estresse também pode causar doenças bucais, como a gengivite, processo inflamatório que acomete os tecidos que compõem a gengiva e a periodontite, processo mais grave do que a gengivite e que pode levar ao comprometimento da estrutura óssea, aquela que sustenta os dentes. Para falar sobre a relação entre esse e doença gengival, o Momento Odontologia desta semana conversou com o professor Sebastião Luiz Aguiar Greghi, do Departamento de Prótese e Periodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP.
A gengivite, em muitos casos, pode promover a recessão de gengiva e criar a migração dessa gengiva e, consequentemente, expondo a raiz, o que leva a um problema estético ou de sensibilidade, sobretudo em relação a alimentos gelados ou açucarados. Os sinais inflamatórios da gengivite são muito variados entre as pessoas, portanto, é importante que o paciente procure um profissional para o diagnóstico. Já a periodontite, ou doença periodontal, pode levar ao comprometimento da estrutura óssea, aquela que sustenta os dentes, é um processo que pode comprometer um, dois ou todos os dentes.
Segundo Greghi, vários fatores podem levar ao aparecimento de doença periodontal, desde o seu início até o seu agravamento e entre eles está o estresse, associado a outros fatores de risco. “Desde a década de 1950 se verifica que o estresse é um fator bastante decisivo e, ao longo do tempo, isso vem ficando mais claro, mas não é um estresse pontual que leva ao aparecimento da doença periodontal, mas sim uma situação estressante, com depressão e ansiedade, se perpetuando. Todo esse processo altera a condição endócrina, a secreção de hormônios que repercute nos mecanismos de defesa do indivíduo.”
Além isso, diz o professor, o estresse promove outra condição crítica que leva a um maior risco de doença periodontal, ele aumenta a participação de outros fatores de risco. O professor cita como exemplos de fatores de risco para o desenvolvimento de doença periodontal em indivíduos em condição depressiva, o relaxamento na higiene oral, dietas que propiciam maior acúmulo de placa bacteriana, aumento do número de cigarros quando é fumante.
Greghi alerta que a doença periodontal é multifatorial, portanto, para o tratamento todos os fatores de risco precisam ser considerados. “Se o estresse é um dos fatores participantes, ele também precisa ser considerado e tratado. Além disso, grande parte dos pacientes com doença periodontal precisam de tratamento cirúrgico, e óbvio que os fatores de risco atuando também vão prejudicar a recuperação, aumentando o índice de insucesso do tratamento periodontal.”
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