Um estudo divulgado em 2018 pelo Instituto de Saúde e Sustentabilidade e a Escola Paulista de Medicina apontou que, se os níveis de poluição continuarem como estão, até 2025 haverá mais de 51 mil mortes na Grande São Paulo provocadas pela má qualidade do ar.
A pesquisa revelou que esses números correspondem a 6,4 mil mortes por ano, ou seja, 18 mortes por dia na Região Metropolitana de São Paulo. E pensando nesses números alarmantes, o Momento Cidade desta semana fez a pergunta: É possível melhorar a qualidade do ar de São Paulo?.
Em entrevista, Edmilson Dias de Freitas, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, explicou que melhorar a qualidade do ar de uma cidade como a capital paulista é possível, mas antes é preciso entender a origem da poluição. Responsável pelo Laboratório Móvel para Pesquisa e Monitoramento da Qualidade do Ar, também conhecido como Lumiar, o professor explicou que a iniciativa está “trabalhando no entendimento dos processos ligados à poluição atmosférica, visando a propostas para a melhoria da qualidade do ar”.
Com o laboratório móvel, pesquisadores caracterizam não apenas o que constitui a poluição do ar na região de São Paulo, mas como se dá seu percurso entre diferentes cidades. “Um poluente que é emitido aqui na Região Metropolitana de São Paulo é carregado para outras regiões pelo vento e vai interagir com a atmosfera dessas outras regiões de forma diferenciada”, detalha ele.
Além de mapear as áreas poluídas, o professor tem sugestões sobre como diminuir a emissão de poluentes nas cidades. Para ele, tudo começa na melhoria das tecnologias que mais utilizamos, como, por exemplo, a dos motores a combustão dos carros. “Uma coisa importante, se eu sei que muitos veículos emitem muita poluição, se eu reduzir o número de veículos eu vou diminuir as fontes. Então melhorar o transporte público, por exemplo, é uma medida”, destaca.
E diminuir a poluição industrial e a poluição causada pelos motores a combustão vai melhorar também a saúde da população. Para Mariana Veras, do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina (FM) da USP, é preciso entender a gravidade dos problemas de saúde causados pela poluição hoje. De acordo com ela, eles “podem ser desde uma simples irritação nos olhos, uma irritação na garganta, como também aumento do risco de morte e câncer de pulmão. Então, vai desde um efeito bem pequeno até efeitos devastadores que levam à morte”, esclarece.
Para os dois especialistas, uma cidade menos poluída é uma cidade mais clara, que usa fontes de energia sustentáveis e que gasta menos tempo e recursos com saúde, já que sua população não será afetada pela má qualidade do ar.
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Ficha técnica
Reportagem: Denis Pacheco
Edição: Beatriz Juska e Paulo Calderaro