O Ambiente é o Meio desta semana conversa com o professor e historiador Eduardo Góes Neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios (Cesta) e coordenador do Laboratório de Arqueologia dos Trópicos, todos da USP. Especialista em povos amazônicos, Neves fala sobre o livro Sob os Tempos do Equinócio: Oito Mil Anos de História na Amazônia Central, recentemente lançado pela Editora Ubu e publicado com apoio da Fapesp.
Nessa obra, o professor investiga a relação dos povos indígenas com a natureza, na Amazônia, ao longo dos milênios. Baseado em décadas de pesquisa arqueológica na Amazônia central, Neves apresenta uma reconstituição da história da ocupação humana naquela região, desde o início do período geológico Holoceno, há cerca de 10 mil anos, até os primeiros momentos da colonização europeia, no século 16.
Segundo o pesquisador, havia cerca de 10 milhões de pessoas vivendo na Amazônia há 12 mil anos. Quando os europeus chegaram, no início do século 16, um grupo de espanhóis realizou a travessia da bacia Amazônica, chegando até a foz do Amazonas, e Frei Gaspar de Carvajal, que participou desta viagem, relatou que já havia “muita gente na Amazônia”, conta Neves.
“Se a gente pudesse voltar no tempo, no ano 1000 d.C., por exemplo, se fizéssemos uma viagem pela Amazônia, nós veríamos sociedades vivendo de maneiras mais diferentes”. Era uma Amazônia densamente ocupada com “populações muito diferentes umas das outras, muito diversas e que tinham relações muito interessantes com a floresta, de manejo e transformação.”
Até a chegada dos europeus, Neves destaca que havia uma grande diversidade social e política desses povos. “Eles trazem consigo uma série de doenças contra as quais os povos indígenas não tinham imunidade, doenças infecciosas, expedições de guerra, escravidão e as populações indígenas vão decaindo muito rapidamente”, completa o pesquisador.
O livro está à venda neste link.
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